quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Eu, incompleta

Sim, eu gosto de ter momentos só pra cuidar de mim mesma.
Sim, eu também sou da corrente que acha que se cria os filhos para o mundo, estimulando sua independência e tudo o mais.
Sim, eu adoro quando alguém convida meus filhos para um programa diferente.
Sim, de vez em quando eu fico atordoada com a energia "falante e saltitante" dos meus filhos e peço por menos barulho.
Mas hoje faz 2 dias que o Yuri não está em casa, de mais 2 que ele permanecerá na casa da avó paterna.
E...
a organização irretocável do quarto,
a falta de brinquedos por onde se tropeçar na casa toda
e o silêncio que grita a sua ausência
... só evidenciam o quanto, sem um dos meus filhos, eu fico incompleta.

OU como alguém (desconheço a autoria) já escreveu uma vez...

"Ter filhos é um ato de extrema coragem.
É decidir ter o coração pulsando para sempre fora do corpo."

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

O amor deles por mim

Quem é mãe sabe. A gente ama loucamente, desesperadamente, intransigentemente nossos filhos. E demonstramos isso falando neles o tempo todo, corujando suas conquistas, seu desenvolvimento, compartilhando fotos via email (exatamente como fiz hoje), blogando sobre eles... E é tudo muito gratificante para quem, afinal, tem vocação para a maternidade (sim, eu acredito que é preciso vocação para ser mãe, mas isso é assunto para outro dia).

Agora, mais gratificante ainda é um outro sentimento, que às vezes passa despercebido no dia-a-dia. E ontem eu fui presenteada com doses generosas dele: o amor que eles têm por nós.

Ontem cheguei tarde em casa, com a cabeça repleta de preocupações com trabalho, grana, férias, etc. E lá pelas tantas eu disse pro Yuri, quase choramingando “Me filho, vai dormir, a mãe tá cansada, tá com dor de cabeça”.
Imediatamente ele me abraçou e disse “Então deixa eu te ajudar, pra tu ficar boa logo”. E saiu a recolher desajeitadamente os pratos do jantar, e empilhou de qualquer jeito a bagunça que estava espalhada no sofá e arrumou os brinquedos do Caio no cesto do carrinho de passeio. E veio de novo, me abraçou, me puxou e beijou minha testa dizendo “Vai tomar um banho pra relaxar. Tudo vai ficar melhor. Eu te amo, mãe”.

E eu tomei meu banho e deitei ao lado dele, em sua cama, pra pegar um pouco mais dessa energia, desse carinho. Me renovei.

O Caio também tem várias maneiras de demonstrar o quanto sou importante pra ele, o quanto sou seu porto seguro e o quanto ele gosta disso. Volta e meia, ele me enche de beijos, abracinhos, sua mãozinha suave me afaga.

Hoje, amanheci mais leve. Meus filhos me amam! Apesar das minhas imperfeições, dos castigos, das rabugices necessárias à autoridade materna, eles me amam! E saber disso me torna uma pessoa extremamente feliz e realizada, com a certeza de que, apesar dos tropeços, estamos num bom caminho.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Mea culpa

A verdade é que, infelizmente, eu NÃO sei poupar dinheiro!

P.S. Tbém, nunca me sobra o suficiente para poupar... hehehe!

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

"Parafraseando"

Eu tinha várias coisas sobre as quais gostaria de escrever... me perdi no meio da profusão e pra não deixar o final de semana em branco, copiei o questionário que a Dani K e a Isa postaram em seus blogs, pra quem quiser me conhecer melhor (inclusive eu mesma, ao refletir sobre as respostas - hehehe).

3 Nomes pelos quais você atende:
1) Cláudia
2) Dinha
3) Cacau

3 nomes de "tela":
1) Dinha, apenas

3 Coisas que você gosta em você:
1) minha facilidade de expressão
2) minha boca
3) meus olhos

3 Coisas que você odeia/não gosta em você:
1) meu cabelo
2) meus pés
3) minha impaciência

3 Partes da sua Herança:
1) índia
2) negra
3) chinesa (verdadeiro samba do Crioulo Doido!)

3 Coisas que assustam você:
1) violência
2) intolerância
3) baratas (?!)

3 Coisas essenciais no seu dia:
1) internet
2) refrigerante
3) o beijo dos meus filhos

3 Coisas que você está vestindo agora:
1) regata
2) saia
3) rasteirinha

3 dos seus artistas/bandas favoritos (neste momento):
1) Ana Carolina
2) Papas da Língua
3) Jota Quest

3 das suas canções favoritas (neste momento):
1) Fácil
2) Perhaps Love
3) Alma

3 novas coisas que você quer tentar nos próximos 12 meses:
1) fazer alisamento definitivo
2) emagrecer (também em definitivo!)
3) voltar a estudar (depois de 12 anos longe dos cadernos!)

3) ... Duas verdades e uma mentira: Qual é a mentira?
1) Eu amo nadar
2) Eu sei poupar dinheiro
3) Eu sou louca por maracujá

3 Nomes de filhos:
1) Yuri
2) Caio
3) Júlia (a que não veio e vai ficar para a próxima encarnação, porque nessa eu já encerrei)

3 Coisas que simplesmente você não consegue fazer:
1) acordar de bom humor antes das 9 da manhã
2) fazer crochê
3) gostar de chuchu

3 dos seus hobbies favoritos:
1) ouvir música - e cantar junto
2) ler (até bula de remédio)
3) ver TV

3 Coisas que você quer fazer antes de morrer:
1) escrever um livro (ainda antes do 40!)
2) conhecer Paris
3) ver meus filhos crescidos, independentes e felizes!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

Dentes perdidos, lições ganhas



Eu, particularmente, nunca achei bonitas as crianças "banguelas". Eu mesma me detestava sem dentes, não permiti uma única foto. Agora, quando acontece com nossas crias, a coisa muda de figura. Então, fica impossível eu não me contagiar com a alegria do Yuri ao ficar com a famosa "janelinha". Mas, junto com os dentes que se foram, duas novas constatações me acometem (e assustam):

1. Pela primeira vez tive a certeza de que pelo menos metade da infância do primeiro bebê que pus no mundo já ficou para trás.

2. O tempo com nossos filhos é tudo o que temos de mais precioso. É preciso aproveitá-lo intensamente, com verdade, alegria, amor puro. Sempre vai ficar a sensação de que podíamos ter feito mais, mas não podemos cultivar esse sentimento (não temos tempo para esses pormenores!). Fazer tudo agora, porque o tempo, ah, o tempo, esse êfemero senhor não anda, voa. E nossas lembranças são tudo o que resta daquilo que já passou. Então, que as façamos lindas, todos os dias.

P.S. Ái, tô mega sentimental hoje: Yuri, te amo meu fifão!!!! * Amor esse que o tempo só engrandece.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

A fé que me move

Sei que provavelmente estou sendo repetitiva. Mas eu gostaria, às vezes, de falar dessas coisas todos os dias, com todas as pessoas, na esperança de que talvez pudéssemos construir um mundo diferente.

Eu leio tudo o que me cai nas mãos com as palavras “cérebro” e/ou “neurônios” e seus derivados. Por isso, comecei a ler um novo
blog, que a princípio gostei muito. Ali temos depoimentos de pais e profissionais envolvidos com pessoas com paralisia cerebral, além de depoimentos de pessoas que convivem harmonicamente com a P.C. E eu li um depoimento que, num primeiro momento, parecia ter tudo a ver comigo. Uma mãe fala de suas angústias, alegrias e frustrações. E ela faz um desabafo, onde me enxerguei em várias situações. Como quando ela diz que às vezes pensa em não freqüentar certos lugares (principalmente eventos de família) porque não quer receber os olhares curiosos e as perguntas sobre prognósticos que nem ela tem as respostas; ou quando diz que se irrita com as pessoas que confundem a “moleza” muscular do seu filhinho com um bebê cansado e sonolento; ou mais ainda, o quanto a possibilidade da cadeira de rodas a deprime.

Mas relendo outras vezes seu emocionante depoimento, deixei de ser eu. Ela diz que nem ela e nem o bebê são abençoados, seriam se ele não tivesse limitações físicas. Que ela não quer ser guerreira, nem santa, nem mártir. Queria ser uma mãe comum e passar desapercebida com seu filho, entre as milhões de mães e filhos que existem mundo afora.

Entendo. Aceito. Mas discordo.

Eu também me fragilizo em determinados momentos na minha luta junto ao Caio. Choro. Tenho raiva. Me sinto vítima. Tenho medo. Mas nunca deixei de vê-lo como uma benção grandiosa que, dia-a-dia, me torna uma pessoa melhor, mais humana, mais sensível a causas verdadeiramente importantes. Eu queria que ele não tivesse nenhuma deficiência motora? Lógico. Mas como tão bem diz a
Letícia, eu o aceito como ele é hoje. O que não significa que esta situação não possa mudar amanhã.

É essa certeza que me faz seguir adiante. A minha fé de que ele vai sentar, vai caminhar, vai falar. Sonho com isso, acredito piamente. Tenho medo de que seja utópico. Também me questiono, na manhã gelada ou chuvosa de inverno, se vale à pena acordá-lo para a fisioterapia. Mas seguimos em frente.

Essa semana ainda, ele chorou bastante durante uma sessão de alongamento muscular. Dói mesmo, me garantiu a fisioterapeuta. Mas é necessário. Dói ainda mais em mim, por quê ele precisa passar por isso? Não sei, não tenho as respostas. Mas sei que vamos passar, como tantas outras que já passamos. Houve um dia em sua vidinha que as chances dele sobreviver foram menores que 0,001%. E o guerreiro está aí, cada dia mais lindo e sapeca. Se hoje as chances dele vir a caminhar são de 90%, isso significa 1.000.000% pra mim. Porque existe no meu peito um sentimento que tento passar todo o minuto a meus filhos, à minha família, a meus amigos. Existe uma FÉ que nos move em direção a um futuro que acredito lindo. A mesma fé que há de mover as pernas, o tronco, os braços e guiar a alma do meu abençoado filho.

Amém.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

Da sabedoria sobre as diferenças

"Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem: cada um como é."
Alberto Caieiro (heterônimo de Fernando Pessoa)

sexta-feira, 5 de janeiro de 2007

Amor doente

É completamente horrorizada que vejo no telejornal a notícia de pais, em Seattle, nos EUA, que estão impedindo a filha de 9 anos, com graves problemas motores e mentais, de “crescer”. Alegando as dificuldades que a menina, praticamente em estado vegetativo desde o primeiro ano de vida, teria para ser carregada e tratada, para sair às ruas, eles vêm fazendo junto a uma equipe de 40 profissionais médicos um tratamento hormonal para que ela pare de crescer. E ainda considerando os inconvenientes dos seios e da menstruação, além do risco dela ficar grávida se vier a sofrer algum tipo de abuso sexual, mandaram-lhe extirpar o útero e as mamas. Ela foi mutilada! E os digníssimos pais atestam que fizeram tudo isso em nome do amor que sentem pela filha, para lhe oferecerem mais qualidade de vida.

Estão querendo enganar quem, com essa ladainha?

Esse posicionamento, pra mim, foi uma comprovação violenta de egoísmo, despreparo e sei-lá-mais-o-quê... me faltam palavras!

Tenho um filho especial, no sentido mais amplo da palavra. Um menino doce a quem sonho um futuro ainda muito lindo. Mas esse menino, com quase 1 ano e oito meses, não consegue sempre sentar sozinho. Ele não caminha. Às vezes, quando brinca, os brinquedos lhe caem das mãozinhas com pouca coordenação motora, sem que ele nada possa fazer. Ele quer ficar de pé e não consegue. Ele quer agarrar um objeto e nem sempre tem firmeza para tal. Ele anda de carrinho e em nosso colo. O colo que darei a ele a vida inteira, se preciso for.

Amo meu filho, tenho orgulho dele e o exibo pra todo mundo – as constantes fotos aqui no blog comprovam isso. Jamais terei vergonha de sair com ele às ruas, ainda que ele tenha 20 anos e não caminhe. Jamais tentarei impedir qualquer crescimento mínimo que ele venha a ter – físico ou mental. Ao contrário, cada mínimo progresso, que o deixe mais próximo de uma criança, um jovem e um adulto sadio, são nossas imensas vitórias.

Amo meu filho incondicionalmente. Assim precisa ser sempre, entre mães e filhos, doentes ou sãos, gordos ou magros, bonitos ou feios. Assim precisa ser entre toda a humanidade, um amor com tolerância, generosidade, doação. Qualquer outro sentimento diferente dessa grandiosidade é apenas um amor muito doente. Exatamente como o dos pais da inocente Ashley.

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Momentos 3

O blog está tentando me sabotar, tive que colocar as fotos em dois posts diferentes. De qualquer forma, seguem mais momentos que quero compartilhar.

Yuri, mal conseguindo carregar uma parte de seus presentes de Natal...

Caio, com visual de arrasar com um de seus presentes (o boné): todo lindo!


Eu e minhas jóias, na despedida de 2006, com a fé de que 2007 nos reserva muitos outros momentos assim: felizes!

Então, tin-tin, Feliz Ano Novo (de novo)!

Momentos 2

Meu antigo blog se chamava Redatora. Ainda bem que dei um novo nome a este, porque o que menos tenho feito é escrever. Às vezes, me falta inspiração. Noutras, vontade. Ou ainda os temas sobre os quais penso em escrever não me agradam, daí os deleto antes mesmo de começar. Mas dei, ao meu novo cantinho, o nome perfeito, porque de uma forma ou de outra, o que mais gosto de compartilhar aqui são os meus frutos - sejam as idéias, palavras ou as caras lindas das minhas crias.
Selecionei algumas fotinhos onde, pra variar, eles são as estrelas.

Caio, o contorcionista, que chupa bico e morde a aba ao mesmo tempo

Yuri e seu super amigo de infância: Ronald Mc Donald!

Sorriso lindo demais 1


Sorriso lindo demais 2 - versão banguela orgulhoso

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Retrospectiva 2006

Num primeiro momento, chego a pensar que 2006 foi um ano sofrido, cheio de angústias e provações. Mas olhando de bem de perto, não foi assim. 2005, esse sim, posso dizer que foi o ano da minha vida, em se tratando de obstáculos e dificuldades (e espero que assim se mantenha, que nenhum outro venha a superá-lo). Agora, durante sua reta final, olhei para 2006 com carinho. Foi um ano com seus altos e baixos, claro. Mas foi o ano da consolidação, humilde e paciente, de muitas lutas. O saldo está sendo muito generoso.

Minha família segue unida, meu casamento ainda vive momentos de carinho, cumplicidade e companheirismo (e 14 anos depois, isso é tão importante!). Meus filhos crescem lindos, como flores que estão desabrochando para o mundo.

O Yuri está finalmente perdendo seus dentes superiores, sonho de consumo para entrar numa etapa “mais adulta” de sua vida. Inicia a 1ª série do Ensino Fundamental ano que vem, já lê e escreve tudo com destreza, e, o que é melhor: consegui uma bolsa de estudos integral para ele se manter na mesma escola que freqüenta há 3 anos. Como irmão mais velho, venceu o ciúme e hoje é o grande incentivador e defensor do Caio. É uma criança afetuosa e generosa e nos orgulhamos dele.

O Caio, sempre com a imunidade oscilante, mas cada dia mais participativo e atento. Mostra suas preferências e cada vez mais atesta que os problemas neurológicos não lhe afetaram o cognitivo. É doce, amoroso e bem-humorado. Ano passado, uns dias antes desta data, estávamos temerosos pela possibilidade de uma nova cirurgia craniana. Hoje, nosso caçula segue derrubando prognósticos ruins e nos dando a esperança de um futuro sempre melhor.

Eu mesma, sempre com o orçamento apertado para dar conta de dois filhos, cheguei a ser demitida em setembro. Fiquei triste e com medo de dificuldades futuras. Durante o cumprimento do aviso prévio, meu chefe “mudou” de idéia. E neste final de ano, mudou ainda mais: acabei de ser promovida para um cargo de chefia junto ao meu departamento com um importante acréscimo salarial.

Então, mais do que nunca, inicio 2007 com motivação e esperança. Vai sim, ser um ano bom. Meus filhos vão crescer cada vez mais sadios e felizes. Meu casamento, que já superou tanta crise, só se fortalecerá. Eu hei de encontrar, finalmente, o reconhecimento profissional que procuro e (sem falsa modéstia) mereço. E teremos, finalmente, nosso lar, doce lar.

Dizem que acreditar num sonho é 50% do caminho para realizá-lo. Pois então, acredito nos meus sonhos e darei tudo de mim para fazer acontecer os outros 50%.

Seja bem-vindo 2007! Que nos traga a realização de nossas mais desvairadas esperanças. Ou ao menos, nos dê a força para que as saibamos manter vivas, independente de eventuais obstáculos.

P.S. Escrevi este texto antes de sair de férias. Que não foram exatamente como sonhei. O Caio teve duas novas infecções, o que adiou nossos planos de viajar. Mas ele termina o ano bem, se recuperando com a garra de sempre. Durante os festejos da meia-noite fiz as tradicionais simpatias e pedidos para o ano que está começando. Mas se tivesse que sintetizar tudo num só desejo, sei bem o que pedir para mim, minha família, minhas amigas, meus afetos e, claro, especialmente meus filhos: “saúde pra dar e vender”. Feliz Ano Novo!