sexta-feira, 28 de março de 2008

E a Páscoa foi doce...

Coelhão lindo!

Acho que os manos gostaram...

Valeu, Coelhinho!

Lindo e saboroso este menino - sentado sozinho! Se ele precisa engordar, tá cercado de bons motivos...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sentir-se amado


Se tem um coisa que aprendi com minha mãe de criação, é que existe algo na vida que jamais podemos cobrar: amor. Empatia, amizade, querer bem, amar. São sentimentos muito pessoais e que, em algumas vezes, surgem sem nenhum apelo racional a lhe sustentar. Porque, afinal, são tão somente emoção. E não posso exigir que me amem como eu gostaria. Alguns hão de me amar, outros não.
O tempo sempre me reforça o quão sábia ela era.
Muito do medo de preconceito que existe em mim ou da minha insegurança quanto ao futuro do Caio vem do fato de perceber que ele não é aceito por algumas pessoas que, numa ótica simplista, teriam o dever de amá-lo e protegê-lo. É o colo nunca recebido, a mão nunca estendida, as perguntas inconvenientes, a visita que não acontece, o olhar que traz uma curiosidade quase mórbida.
Mas aí, minha mãe retorna à lembrança: Todos nós temos os afetos de quem merecemos ter ou que soubemos conquistar, dizia ela.
E fico emocionada ao perceber o quanto o Caio é amado. Por uma verdadeira legião de amigas especiais, estas sim, sempre prontas a oferecer a mão, o ombro, uma ajuda, um carinho.
Às vezes costumo me lamentar, dizendo que me sinto em luta solitária com o Caio. Em momentos difíceis, parece que só eu acredito, que só eu corro atrás, que só eu me importo. Descobri que não é verdade. As amigas do Caio são, antes de tudo, minhas amigas. E lutam comigo, choram com minha dor, riem com minha alegria, torcem na mesma expectativa. Algumas, atribuladas em suas vidas pessoais, apenas têm tempo para nos dirigir uma prece, um pensamento positivo. Quero que elas saibam que este já é um grandioso presente, talvez o maior deles. Que sentimos esta energia e nos fortalecemos nela.
O que torna este sentimento ainda mais especial é que ele nos é dirigido por algumas pessoas que sequer nos conhecem pessoalmente. Conhecem a nossa história por aqui, pelo blog. E chegaram aqui porque alguém lia e contou adiante. Outras, já tivemos a oportunidade de abraçar. E o que é melhor: elas continuaram gostando da gente.
Me sinto extremamente honrada com este amor tão verdadeiro, generoso e desprendido que é dirigido a mim e ao Caio.
Sei que podemos vencer cada obstáculo, porque temos uma torcida imensa ao nosso lado, brigando junto. Sinto que somos verdadeiramente amados. E quando penso nisso consigo entender o pleno significado da expressão “bálsamo para a alma”. Sim, temos o amor que merecemos ter. E acho que realmente Deus tem sido muito generoso conosco.

Obrigada a TODAS as meninas do LV! Amamos vocês!

quinta-feira, 20 de março de 2008

Crer para ver

A Bíblia nos conta a história de São Tomé, que precisou ver Jesus pra crer em suas ressurreição. Uma famosa marca brasileira de cosméticos prega a alternativa contrária, em sua filosofia de responsabilidade social: é preciso existir primeiro o desejo para fazer acontecer. Também sou assim, na maior parte do tempo, quero crer para ver. E crendo, vejo maravilhas acontecerem.

Força do pensamento, fé, persistência. Não importa o nome. O que conta é a atitude.

Creio que tudo na vida é passageiro, inclusive nós. Então o lance é fazer desta passagem o nosso melhor.
Creio na força do amor, no poder transformador do desejo, em sonhos que impulsionam a realidade.
Creio em valores como honestidade, solidariedade, generosidade, despreendimento.
Creio que nada é por acaso, que minhas escolhas desta e de outras vidas influenciam o que sou, o que vivo.

Creio na lei da ação e reação.

Creio que meu casamento não é perfeito, mas é verdadeiro, então aposto um longo futuro nele.
Creio que o Yuri se sabe feliz e amado e, dono de um grande coração, tem um grande propósito nesta encarnação, junto à nós e a terceiros.
Creio que o Caio é gigante, iluminado e o vejo correndo à minha frente, sorrindo e brincando. Vejo porque creio.
Creio que minha família é uma benção, que superaremos tantos obstáculos quantos forem preciso para consolidar nosso amor e nossa união.

Creio em oportunidades de crescimento, não em castigo. Creio que sempre posso aprender a ser mais humilde. E que por menor que eu me veja, sou grande para alguém. E por menos que tenha, sempre posso me doar de alguma forma.

Creio no valor inigualável da amizade e, principalmente, creio que virtual é tão somente aquilo que não adubamos com atenção real.

Creio que em tantas coisas e as vejo acontecer em minha vida. As que ainda não vejo, creio, é somente questão de tempo.

Este post foi escrito há 10 dias. Mas está atualíssimo e o dedico à TODAS as minhas amigas do LV, em especial à Dê SP, Kathia, Lili, Angélica, Alessandra, Chris, Bárbara de Guareí e todo mundo que entrou na discussão da Geléia de Mocotó.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Em tempo: Dia Internacional da Mulher

Sou meio avessa às comemorações ao Dia Internacional da Mulher.
Mas impossível não me render à uma homenagem especial que recebi.
O Yuri fez um cartão totalmente caseiro, com folha de caderno, canetinhas hidrocor, recorte e colagem. Quando eu abri, pude ler sua letrinha ainda meio esquisitinha, mas linda:
"Mãe, sinto orgulho da mulher e da mãe que você é. Eu te amo. Feliz Dia da Mulher."
Como sacramentou um publicitário por aí: não tem preço!

terça-feira, 11 de março de 2008

Meu rapazinho

Sábado levei o Yuri pra cortar o cabelo.
Eu estava com pena, porque os dourados do sol ficaram muito bem nele, mas já estava muito comprido, embaraçando mesmo.
Chegando lá, ele me pede:
"Mãe, eu já estou grandinho, não quero mais usar este corte cogumelo. Posso pedir pro Beto algo mais moderno, tipo todo desbastado?"
Claro que pode, meu mocinho.
É que a mamãe aqui às vezes esquece ou quer minimizar a passagem do tempo.
Ficou lindo de qualquer jeito, o meu rapazinho vaidoso.

quinta-feira, 6 de março de 2008

A insanidade de todos nós

Ontem à noite, saí com minha família para um jantarzinho. Quando íamos embora, parou na frente do restaurante, um "louco". Dessas pessoas mal-vestidas, que falam com seres invisíveis ou não, fazendo gestos teatrais.
Inicialmente, num momento de auto-preservação, senti medo. Depois, fiquei chateada.
As pessoas riam, apontavam para ele.
Ele saiu andando pela rua, parava em algumas portas, gesticulava, discursava. E mais pessoas riam.
Riam do quê, pensei?
A insanidade é engraçada? Ser "normal" é ser superior?
Me entristeço ao ver o preconceito tão abrangente de nossa sociedade. Basta sermos diferentes de uma minoria para nos sentirmos superiores.
Ninguém se pergunta o que fez aquele homem se desequilibrar. Um acidente, uma doença, um trauma emocional muito forte. As pessoas se ocupam em rir apenas.
Não se preocupam em olhar para seus próprios umbigos, em busca de suas imperfeições a fim de melhorá-las.
Ser egoísta, preconceituoso, isso sim é insano.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Parto anônimo - Um respaldo à irresponsabilidade

É estupefata que vejo a possibilidade de uma nova lei brasileira: o parto anônimo. Segundo o anteprojeto, a lei dará às gestantes a possibilidade de fazer todo o acompanhamento de pré-natal e o parto sem a necessidade de se identificar na maternidade e, inclusive, de ficar com o bebê. Com a proposta, a mãe fica livre de toda responsabilidade jurídica sobre a criança, que poderá ser deixada em hospitais ou postos de saúde para a adoção. É a versão moderna da “roda dos excluídos”, dizem uns. Pra mim, retrocesso puro. E abandono. Simples e cruel assim.

Os argumentos dos defensores deste projeto de lei é que assim diminuiriam os casos de crianças jogadas em latas de lixo e em lagoas e a vida seria preservada, uma vez que não seriam realizados abortos. Amparadas pela lei, as “mães” (dá pra chamá-las assim?) poderiam se desfazer de filhos indesejados sem maiores implicações. E os índices de adoção cresceriam.

É simplesmente absurdo e não dará certo.

Primeiro, porque mascara um problema social muito maior que é a falta de planejamento familiar. Admito que sou dona de um ponto de vista no mínimo controverso, pois acredito que a camada mais baixa da população muitas vezes engravida mais pela preguiça de buscar contraceptivos gratuitos ou pela eventual “vantagem” financeira e governamental que mais um filho pode acarretar. Mas ainda acho que o controle da natalidade é a chave que abre as portas para um país entrar na esfera do real desenvolvimento. É preciso investir fortemente em educação sexual, esclarecimento e livre acesso à contracepção. Enquanto filhos continuarem sendo gerados com irresponsabilidade e despreocupação, sorry em lhes dizer, nosso Brasil continuará sendo parte do terceiro mundo.

Em segundo, sou absolutamente favorável à legalização do aborto. Embora em pequena escala, “acidentes” acontecem. E a mulher, de qualquer camada social, deve ter o direito à escolha. Eu sou um exemplo disto. Engravidei do meu segundo filho sem planejar, num momento financeiro terrível. Pensei durante 15 dias se iria abortar ou não. Mas era tarde: eu já estava completamente apaixonada por aquele ser que crescia em mim. Ter meu segundo filho se tornou um desejo, uma opção. Eu não abortaria, hoje estou certa disto. Mas não me dou o direito de condenar quem o faça. Prefiro um aborto feito em condições básicas de higiene e segurança do que um recém-nascido morto após ser atirado, num ribeirão poluído, pela janela
. E também acho injusto com a própria criança que ela seja alvo de agulhas de tricô ou de comprimidos clandestinos de Cytotec. Sem falar no ônus que gera para a saúde pública tratar as seqüelas destas tentativas de aborto, muitas vezes mal sucedidas e que acabam comprometendo a saúde do futuro bebê.

Por fim, para aumentar os índices de adoção, o remédio é bem mais simples. Basta descomplicar. Milhares de homens e mulheres, em plenas condições sociais e emocionais, esperam um filho do coração. Já amam uma criança em suas vidas e, ao contrário do que se alardeia por aí, não esperam que ela seja branca e recém-nascida. Eu conheço pelo menos três casais de amigos nesta situação. E meu círculo de amizades nem é tão grande assim.

O que acho que este projeto de lei, se aprovado, vai fazer é superlotar as maternidades, os conselhos tutelares e os orfanatos. Vamos criar um problema ainda maior, uma vez que não temos estrutura para abrigar estas crianças enquanto a burocracia pela adoção acontece – e elas crescem. E pior: acho que a nova lei pode criar um precedente mais absurdo ainda. Se chego à conclusão de que não tenho condições de criar meu filho de 7 anos, também posso entregá-lo livremente para adoção?

Filho não se dá. A eles, nos doamos. Amamos, respeitamos, ensinamos valores, no intuito de realmente estar formando os cidadãos do amanhã. Para que nas gerações futuras um assunto deste porte não seja nem cogitado.

segunda-feira, 3 de março de 2008

O Poder da Mente

Uma pessoa na qual tenho a maior credibilidade me reforçou semana passada de que estou certa. O Caio vai andar, vai falar. Vai se desenvolver tão bem que quem o conhecer daqui alguns anos não acreditará nas dificuldades vencidas por este pequeno grande.
Confesso que fico receosa. Não com as previsões em si, mas na minha expectativa de que a melhora seja assim tão significativa. Sempre acreditei no potencial do meu filho mas tenho medo de pedir dele mais do que ele pode me dar. Ao mesmo tempo tenho em meu coração a quase certeza de que sim, ele pode, ele quer, ele vai.

Em setembro último, reencontrei no Hospital de Clínicas, a Ana Luíza*, “colega” de UTI Neo do Caio. Ela nasceu prematura, com 26 semanas de gestação. Teve cegueira da prematuridade, hemorragia cerebral, precisou fazer reconstrução do intestino. Ficou internada 104 dias (quase o dobro do meu guerreiro). Depois, voltou e fez duas cirurgias: uma pra colocar a DVP (exatamente como o Caio) e outra para abrir seu crânio que estava fechando prematuramente (a tal cranioestenose que chegaram a suspeitar que o Caio tivesse). Os prognósticos dados à menina (atendida pelo mesmo neurocirurgião “sensível” que comparou o Caio à uma alface)? Vegetativa, para sempre. Lembro muito do quanto eu e a mãe da Ana Luíza chorávamos no ombro uma da outra, do quanto conversávamos com Deus, do quanto defendíamos o amor materno como instrumento de cura. Pois tive a felicidade de ver a Aninha (2 anos e 8 meses) caminhando e chamando sua mãe de “mã-mã”. A surdez, antes diagnosticada, foi revertida pelo amadurecimento cerebral da menina. A mãe dela me conta que tudo foi assim, de um dia pro outro, os neurônios acharam o caminho, as conexões se fizeram corretas e lá está Aninha se negando a ser carregada no colo.

Neste final de semana fiquei sabendo de mais uma grande vitória. William* é colega de fisioterapia do Caio. Teve uma anóxia profunda ao nascimento. Iniciou a fisio logo após a alta hospitalar, aos 4 meses de vida. Somados ainda à sua agenda, a fono, a hidro, a equoterapia. Conheci-o com 3 anos. Numa cadeira de rodas adaptada, muito pouco sustentava o próprio pescoço e não falava. Muito sacrifício, muita dor, me relatava a mãe. Pouco antes do Natal, encontrei-o com sua mãe na rua e ele apontava e falava alegremente: “Caminhão! Vrrruuuum!”. Pois sexta, fiquei sabendo que William, aos 5 anos, começou a caminhar! Ainda precisa que sua mãe o guie, segurando suas mãos. Mas já venceu, está de pé!

Eu posso visualizar inúmeras vezes ao dia, meu Caíto correndo, contando suas coisas, cantarolando. Não é utopia, é um sentimento que insiste em preencher meu peito.
Não desprezo o poder e os avanços da ciência. Estou consciente que os progressos do Caio devem ser compartilhados com os tratamentos, acompanhamentos e medicações. Mas não é mérito exclusivo deles.

Ana Luíza e William têm mães amorosas, persistentes. Que não desistiram ao primeiro “impossível” que ouviram de médicos experientes. Carregaram seus filhos nos braços e uma fé quase inabalável nos corações. Quero ser como elas, luto pra isto.

Respeito opiniões diversas com a maior humildade, mas meu tempo vivido com o Caio me fez aprender ou ter a certeza sobre algumas coisas. Sei que nossa mente tem o poder de transformar situações. Querer, e acreditar que é possível, é sim 50% do caminho para as realizações. A fé num Deus, numa força, numa energia pode transmutar nossos destinos. O amor incondicional é poderoso, talvez o mais poderoso de todos os sentimentos.

Caio é um guerreiro. É um vencedor. E ainda hei de vê-lo imponente, de pé, sorridente como ele só, ratificando minhas crenças.

* Os nomes foram trocados para preservar a identidade das crianças.