quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Um olhar sobre o presente e o futuro

Em tese eu não ia postar mais antes de 2011... mas hoje pela manhã aconteceu um fato que não posso deixar passar... se tornou o símbolo do que aprendi em 2010 e o que desejo a todos os que amo, a meus amigos, leitores, ao mundo inteiro.




Yuri ganhou uma sonhada bicicleta aro 26 de Natal. Se emocionou imensamente e está curtindo horrores o presente (quem me acompanha no Orkut e Facebook, já deve ter visto as fotos).


Caio, semana passada, coincidentemente, foi posto na bicicleta adaptada pela sua fisioterapeuta, na ACADEF. E adorou! Tanto que hoje, ela me contava, ele não se concentrava em sua sessão de fisioterapia, ficava o tempo todo esticando os olhos para o canto da sala onde a bicicleta estava repousada. Até que sinalizou claramente que queria ir até ela. A fisio o colocou e ele se realizou! Andou, buzinou, a maior alegria... alterna momentos de coordenação e outros sem... mas, o essencial, é que apostou no seu desejo, o realizou e ficou feliz.


Fotografei ele e, baixando as fotos, foi impossível não fazer a analogia...





Olha para meu Caio e sua alegria, sua determinação em fazer tudo do seu jeito, sem pensar se está certo ou errado... e com a capacidade inspiradora de ser feliz simplesmente porque sim... e vejo um futuro repleto de esperança.
Assisto Yuri pedalando, realizado no seu objeto de desejo... Olho para ambos os meninos, cada qual do seu jeito, dentro de suas possibilidades, andando de bici e sendo feliz!

Que a vida seja simples assim, que tenhamos sempre novos sonhos mais a vontade de lutar por eles. Que não tenhamos medo daquilo que é tão somente aparente. Que nos apeguemos ao desejo firme de sermos felizes pela felicidade em si.... como meus andadores de bike me relembraram hoje...

Um lindo 2011 para todos!

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Retrospectiva 2010

Se me perguntarem se 2010 foi um ano bom, saio pela tangente: foi um ano difícil. O que não quer dizer que foi, necessariamente, ruim. Mas, como diz aquela personagem da tv, "bom, bom, booom não foi...". Eu, que tenho a mania de tentar sempre enxergar a metade cheia do copo, suspiro aliviada: está acabando! E, independente, de classificá-lo estáticamente em bom ou mal, 2010 será um ano que não esquecerei.

Foi um ano, especialmente, de rupturas.
Rompi com medos, com relações, com o passado, com pré-conceitos e até mesmo com velhos conceitos enraizados desde a minha infância. E no saldo geral, considero isso bom.

Rompi a barreira do meu preoconceito interior da forma mais plena. 2010 foi o ano em que encarei a deficiência do meu Caio de frente. Como costumo dizer, escrever e pensar, ainda sonho gigante para seu futuro. Mas decidi não atrelar mais nosso presente a essas expectativas. Enquanto isso, a vida acontece. E pode ser prazerosa. Um exemplo disso, foi a recente indicação para que ele troque sua órtese, já pequena, e a cadeira de rodas por outro modelo, mais adaptado à futura condição de estudante. Lembro de dois anos atrás, o quanto sofri, chorei e neguei, quando lhe foram indicados esses equipamentos pela primeira vez. Hoje sei claramente o quanto ele precisa deles para ter mais qualidade de vida. E sua deficiência é simplesmente a nossa condição. Ao invés de me lamentar, agradeço que tenhamos acesso a tais benefícios. E isso se aplica à toda nossa vida: quando encaramos nossos medos de frente, eles diminuem e tudo fica mais fácil. Dá até pra ser feliz.

Foi o ano também em que rompi meu casamento. Em que rompi com tudo o que sempre me foi ensinado e me entreguei à uma nova, breve, porém intensa, paixão. Quase meio ano depois, percebo que não foi um rompante. Resolvi dar outra chance ao meu relacionamento de quase 19 anos, mas, devo confessar, ainda não sei se estou no caminho certo. Às vezes penso que a gente nunca sabe se está. Sei que mudei, que nunca mais fui a mesma. Aprendi a me respeitar muito mais e exigir que meu parceiro faça o mesmo. Descobri que posso e devo me priorizar em alguns momentos. E, vendo desse ângulo, foi algo que só me fez bem, de um jeito ou de outro.

Uma das maiores dores que tive foi o rompimento de uma grande amizade, que eu acreditava demais ser um sentimento de verdadeiras irmãs. Neste, eu ainda evito pensar muito. Coloco na sacolinha das coisas que tinham que acontecer. Aprendi a ficar mais sozinha, mais introspectiva, mais reflexiva. Aproveitei a solidão para focar minha energia em outras atividades e aí me joguei de cabeça no Censo e consegui ganhar um dinheiro razoável por um tempo, surgiu o trabalho voluntário do Pestalozzi e Dinha Doces cresceu a todo vapor. Vou ensaiando ainda este caminhar sozinha, eu e meus filhos... Yuri sente falta também e não entende bem. Mas sou grata a tudo que vivi ao longo de tanto tempo com pessoas que nos foram tão queridas. Se um dia a gente se redescobrir, meu coração está aberto. Caso contrário, apenas agradeço, com amor.

2010 também foi um ano para aprofundar a amizade com meu Yuri que, eu vejo com tanta emoção e orgulho, cresce um menino tão correto, tão coração e, ao mesmo tempo, inteligente, generoso e solidário. Só posso agradecer à Deus por essa benção tão gigante. Que Ele siga protegendo os caminhos do meu quase adolescente.

Foi também um ano de reencontros, alguns virtuais, outros com direito a visitas pessoais, memórias, risos... Cass, Géssica, Gérsinho, Laura, Deca... obrigada por retornarem à minha vida e trazerem lembranças tão bacanas do Becker e da Fabico. E o ano do fortalecimento de novas amizades virtuais muito preciosas, como a Biih, a Lu e a Karla, a Marlene, a Núbia, a Naná. Bem-vindas, voltem sempre!

Então, agora mesmo, enquanto escrevo o texto, não consigo achar 2010 um ano ruim.
Foi, repito, um ano difícil.
Foi, como diz um dos textos que publiquei, campeão de acessos, o ano do fogo.
Mas, acho que passei pelo fogo. E sobrevivi.
Que venha, então, outro ano pela frente!

Desejo de coração a todo mundo que entra aqui, que espia, que lê e reflete, que deixa comentário ou não, que me manda email, ou que apenas nos prestigia com seu precioso tempo...
um feliz ano novo!

Nos vemos em 2011!

Com amor,
Dinha, Caio & Yuri

sábado, 25 de dezembro de 2010

Minha prece de Natal

O aniversário não é meu, mas gostaria de pedir alguns presentes.
Saúde aos meus filhos, em primeiro lugar.Amigos, poucos, verdadeiros e bons.
Tranquilidade para lidar com aquilo que me está destinado.
Generosidade e sabedoria para viver um dia de cada vez.
Mas aí me dei conta que, como já disse, a aniversariante não sou eu.
Então desejo a todos, o presente que Ele nos deixou:
Paz na terra aos homens de boa vontade.
Amém.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O melhor de cada um

Acredito que uma das mais valiosas que o Caio me traz é, a cada dia, lembrar o quanto somos felizes. A comiseração da própria história não nos leva a nenhum lugar que não seja o amargor. E, depois, como sempre digo, eu realmente acredito que escolhemos viver o que vivemos. Podemos transformar o modo como vivemos e aí reside a grande diferença entre viver e passar a vida apenas. E eu quero muito fazer por merecer a primeira opção.
Então, com alegria, recebi o convite da diretora da escola do Yuri, agora também presidente do Instituto Pestalozzi de Canoas, a realizar um trabalho voluntário de assessoria em comunicação para a instituição.

Apesar de ser realmente voluntário é uma oportunidade para aumentar minha rede de relacionamentos profissionais (quem sabe daí não surge um novo emprego?), de exercer aquilo que acho que sei fazer e, principalmente, de poder ajudar algumas pessoas. Embora possa parecer pretensioso, acredito que já tenho alguma experiência neste universo da pessoa portadora de deficiência e que gosto de compartilhar. Gosto de mostrar o lado positivo, o lado do crescimento, o lado da alegria de viver, da superação, da emoção diária. Não dá pra passar a vida inteira enxergando só as barreiras. Se esta é nossa condição (a de deficiente), vamos vivê-la da melhor forma possível.

É com muito orgulho que esta semana saíram do forno nossas primeiras criações, com meus textos e diagramação: um cartão de Natal e o número 1 de nossa newsletter eletrônica.

Agradeço mais uma vez ao meu Caio por me ensinar tantas coisas importantes, mas, principalmente por me mostrar que o pouco que a gente acredita que tem sempre pode ser útil para ajudar ao próximo. Ou mais ainda, que se tratando de carinho, boa vontade e solidariedade, o pouco não existe. Como consagrou o poeta, tudo vale à pena, se a alma não é pequena.



O cartão de Natal, com árvore feita de mosaico de fotos de alunos do Instituto.


A Newsletter eletrônica, inicialmente bimestral.


O selo criado para a campanha Pestalozzi - Ano 85 - De Portas Abertas, que será trabalhado ao longo de 2011.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Um dia de Domingo

"Eu preciso te falar
Te encontrar
De qualquer jeito
Pra sentar e conversar
Depois andar
De encontro ao vento
Eu preciso respirar
O mesmo ar que te rodeia
E na pele quero ter
O mesmo sol
Que te bronzeia
Eu preciso te tocar
E outra vez
Te ver sorrindo
Te encontrar num sonho lindo
Já não dá mais pra viver
Um sentimento sem sentido
Eu preciso descobrir
A emoção de estar contigo
Ver o sol amanhecer
E ver a vida acontecer
Como um dia de domingo
Faz de conta que
Ainda é cedo
Tudo vai ficar
Por conta da emoção
Faz de conta que
Ainda é cedo
E deixar falar a voz
do coração"

Um Dia de Domingo - Michael Sullivan e Paulo Massadas


Quase cinco meses se passaram.
A única coisa que sei é que não sou mais a mesma, nunca mais fui.
E que não há um único dia que eu não lembre disso.
Do resto, nunca mais tive certeza de nada...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Siglas

Eu, como toda mãe, considero meus filhos meninos especiais. Acho que são os mais lindos, os mais espertos, os mais amorosos... Mas me sinto desconfortável quando chamam o Caio, por sua deficiência, de "especial". Sinto nesta palavra um preconceito velado, como li certa vez num blog. Entendo que as pessoas tenham medo, talvez, de me ferir. Eu mesma custei muito a usar a palavra correta: deficiente. É o que meu filho é. Não é um adjetivo que o desqualifique, é a sua condição.

Houve um tempo em que se chamavam os deficientes de PNEs -Portadores de Necessidades Especiais. Não sei de onde surgem essas siglas. Hoje, é mais usado o PPD - Pessoa Portadora de Deficiência. Acho mais correto. Mais abrangente, mais igualitário.

Especialmente neste momento em que visitei escolas à procura daquela que me pareça ideal para o Caio este é um pequeno detalhe que me chamou atenção. Pode parecer - e talvez até seja - besteira minha, preciosismo... mas meu filho não é portador de nenhuma necessidade especial. As necessidades dele são as mesmas de qualquer outra criança, de qualquer outro ser humano. Ele precisa ser respeitado em sua individualidade. Ter o direito de ir e vir livremente. Precisa ser escutado, ainda que não fale. Precisa ser bem alimentado - ainda que seja em sua dieta restrita. Precisa ser bem higienizado, sem preconceito. Não pode nem deve ser subestimado. Deve ser estimulado.

Obviamente que, enquanto cadeirante e portador de paralisia cerebral, há que se fazer adaptações que sim, são necessárias. Mas para garantir seus direitos básicos - saúde, educação, sociabilização - e não "necessidades" especiais.

A sociedade precisa entender que acessibilidade não é apenas um problema de portadores de deficiência. É um problema para pobres, homessexuais assumidos, minorias étnicas, obesos. Para todos aqueles que, de algum modo, são diferenciados. Mas, como sempre digo, a inclusão começa em cada um. Em não se automaquiar, buscando disfarçar sua imperfeição. Claro que existem momentos em que sonho com meu Caio mais igual às demais crianças, andando, brincando, interagindo. Mas afirmo com toda a verdade do meu coração que não é vergonha nem algum sentimento de inferioridade que impulsiona meu desejo. É um simples e natural anseio materno. Porque hoje entendo que a vida se tornou, se não mais fácil, mais leve, ao assumir meu filho como ele é: o mais lindo, o mais esperto, o mais amoroso E uma pessoa portadora de deficiência. Meu amado PPD!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Coisicas

A semana tá passando a jato e minha cabeça está numa velocidade absurda... é idas e vindas em escolas pro Caio, mil atividades de fim de ano do Yuri, um trabalho voluntário que estou realizando, mais encomendas de docinhos e as tradicionais caraminholas de fim de ano... então tenho cinco mil idéias pra postar e zero tempo pra desenvolver melhor.
A saída são as sempre fáceis rapi-Dinhas:

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Conversa vai, conversa vem e me convenceram (ou fui convencida, porque acho que, no fundo, é o que eu sempre quis): Caio está inscrito numa escola regular para 2011. Ainda falta uma entrevista com a Equipe de Inclusão, que vai abordar todas as necessidades dele que a escola vai suprir, mas parece definitivo. Em breve, se Deus quiser, a matrícula efetiva. Assim que sair, compartilho aqui.

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A lista de Natal do Yuri ano passado ainda era cartinha pro Papai Noel, pedindo Hot Wheels, alguns games e outros brinquedos. A desse ano é uma lista diretamente endereçada for me, com os seguintes itens: gel para o cabelo, perfume de homem (significa que não pode ser linha Infantil), roupas fashion, óculos new wave, dinheiro para fazer mechas na franja, chuteira F50.
Sim, definitivamente ele cresceu.

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O Natal, como sempre, tá mexendo muito comigo.
Esse ano quero tentar reproduzir ao máximo a ceia de Natal que minha avó Piti nos fazia todo ano.
Vou me empenhar para fazer suas tradicionais bolachinhas coloridas.
Freud explica?

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Essa semana, na ACADEF, conversando com a recepcionista, ela me pergunta se não sonho ainda em ter uma menina. Respondo que não, por três fatores: falta de dinheiro, falta de paciência pra começar tudo outra vez, idade avançada. Ela pergunta minha idade, respondo e ela fica - visivelmente - de queixo caído. Diz que me imaginava com, no máximo, 30 anos. Sério, quase beijei ela na boca! Hahahaha!

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Essa semana tive a oportunidade de conversar longamente com minha amiga, irmã e comadre Janinha... E lembrar porque a amo tanto. Só com ela consigo ser 200% transparente, assumindo sentimentos que me parecem inconfessáveis até pra mim mesma. Como é bom a gente ter alguém assim!

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Minha cunhada está bastante deprimida em seu tratamento contra o câncer.
Está na fase de perder todo o cabelo, etc.
Eu queria muito ajudar, mas tivemos um distanciamento relativamente recente e agora me parece tão fake querer reaproximar, por mais que eu queira, sinceramente. Não sei o que fazer.

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Eu sei que minha cabecinha é confusa.
Mas o coração tem me sacaneado um monte também, por esses dias...

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O IBGE nos mandou um 13º ridículo, que não fecha com nenhum cálculo cabível, e não tem ninguém para nos explicar. Transparência zero. Nesse quesito, trabalhar no Censo foi uma m*.

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Cheia de resoluções para 2011 que, vocês já perceberam?, já está batendo à porta.
Como sempre, com esperanças renovadas.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Escolhas difíceis

Pois é... então que a história da escolha da escola ainda não está definida.
Nossa, é tão difícil... ouço opiniões diversas e contraditórias e não sei para que lado devo ir.
Em princípio, tudo certo para ele ir ao Nei Gomes. Mas a fonoaudióloga da ACADEF, que tem acompanhado o Caio ao longo desse ano, me diz que a escola não está com boas condições. Que está enfrentando salas de aula com superlotação e, por isso, não está conseguindo promover o ensino a que se propõe. E insiste que o Caio deveria ir para uma escola regular.

Eu, por mais que queira e sonhe tanto para ele, não o vejo em condições de estar numa escola regular. Minha psicóloga me diz que eu estou superestimando o Caio e seu potencial, estou superprotegendo-o de forma que pode prejudicar seu desenvolvimento... Que eu preciso romper o meu cordão umbilical que me une à ele. Que devo trabalhar por sua autonomia. Decepções e dificuldades sempre existirão, mas eu não posso deixá-lo numa redoma para evitar essas vivências que, afinal, também virão para o crescimento dele.

Então recebi uma tarefa... devo visitar mais escolas, conversar, pesquisar. E aí sim tomar a decisão. Por ora, estou cada vez mais indecisa e confusa. Quero o melhor para meu Caio, com certeza. Mas não sei por onde ir. Peço mais uma vez que Deus me ilumine com a sabedoria, a maturidade e até mesmo os instintos necessários para escolher a melhor escola.
A única certeza é que ano que vem tem mais um estudante aqui em casa...

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Na mesma linha, Caio tem sinalizado que não quer usar mais fraldas.
Tem ficado com ela seca por vários períodos e quando vai ao banheiro, faz o número 1 e número 2! Conversando com a equipe que o acompanha na ACADEF, tudo foi muito comemorado. E nos foi dito que, então, precisamos ir adiante. Se Caio sinaliza que não quer usar mais fraldas é porque ele entende, sente-se desconfortável, etc. Está na hora que eu comece um treinamento mais intensivo, acreditando no potencial dele, para tentar, quem sabe, um desfralde.
Como já postei dia desses, eu não imaginava viver isso com o Caio tão "cedo".
Como já escrevi ali em cima, me dizem que eu mesma superestimo a capacidade do Caio. Não é porque não fala que ele não pode realizar outras atividades, como ir ao banheiro, por exemplo.
De segunda tarefa que eu recebi (além da pesquisa em escolas diversas), está treiná-lo mais, permitir que ele fique sem fraldas em dias quentes, comece a condicioná-lo mais vezes a ir ao banheiro.
Ele vai fazer xixi na roupa, na cadeira.... claro! Mas devo estar pronta, porque é normal a qualquer criança. No caso dele, claro, a paciência, o estímulo e o treinamento devem ser maiores.

Então, lá vamos nós.
Desafios cade vez maiores para o Caio e, especialmente, para a mãe dele.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Por aqui as coisas andam assim

Então que, como eu tinha compartilhado aqui, a sexta-feira passada foi de correrias.
Caio começou sua adaptação na escolinha inclusiva com ênfase em artes. Chegou sonolento, pois o início da tarde costuma ser seu horário de sesta e eu já me preocupei. Chorou um pouco antes de inicar a chamada. Pediu mamadeira. Por ser uma escola voltada à portadores de deficiência, há uma relativa flexibilidade. Então ele entrou na salinha mamando. Mas, para minha alegria, durou bem pouquinho... Com a professora começando as atividades, ele logo não quis mais o seu leite e entrou muito fácil nas brincadeiras. Riu, assoprou uma flauta, deu gritinhos de feliz. A professora me disse que, assim, de orelhada, ele tem um grande potencial. Mostrou prazer em estar ali, se integrou facilmente, aceita toque, beijos, se esforçou para se comunicar. Caio saiu de lá cheio de sorrisos e dentro do meu coração, eu estava igualzinha...

Daí fomos para a segunda etapa, que foi conversar com a chefe da psicopedagogia clínica do Unilasalle (universidade privada, em minha cidade). E a hidro não era bem hidro, era um projeto de natação que a pessoa precisa ficar em pé sozinha. Então não deu pro Caio. O projeto de hidro terapêutico mesmo acontece de março a dezembro, com os acadêmicos dos cursos de fisioterapia e afins. Daí, para o Caio, só para março do ano que vem - nesse período deve estar concluída a piscina da ACADEF, então é algo que só bateremos o martelo mais adiante.
Mas a ida ao Unilasalle foi extremamente produtiva.
Na sala, me receberam a psicopedagoga e uma funcionária da secretaria de Educação do município. E elas me questionaram que o Caio já deveria estar numa escola, o que ele faz de terapias e estimulação, etc.

(Abre parênteses: Fiquei uma porção chateada, pois descobri mais uma vez que o Caio não faz "tudo" o que poderia estar fazendo. Haveria indicação dele estar fazendo estimulação precoce desde bebêzico, e outras atividades... Como sempre, por mais curiosa e ativa que eu me ache, o desconhecimento, a falta de orientação é ainda é uma das maiores barreiras que o deficiente e sua família encontram. Comentei que descobri que Caio tinha pc com quase 1 ano. Que ele só começou fisioterapia após 7 meses de muita insistência minha... Enfim. Me entristeço pensando se perco uma precioso tempo por falta de informação... mas o que está feito, está. Foco em acreditar que Deus faz tudo a Seu tempo, como tem que ser. Fecha parênteses).

Então, alguns telefonemas, e Caio foi encaminhado, com vaga assegurada para uma escola estadual de educação especial para o ano letivo de 2011, para um projeto de estimulação global. A psicopedagoga me disse que o foco dessa escola é estimular a criança para que ela desenvolva melhor sua percepção sobre o mundo ao redor, forme conceitos, estabeleça relações. É um preparatório para que ela ingresse numa escola regular com reais condições de mostrar um bom acompanhamento (dentro de suas condições, claro). Ela disse algo que veio ao encontro de um dos meus medos de colocar o Caio "de cara" numa escola regular... de nada adianta a criança caminhar, por exemplo, se ela não souber perceber o que acontece ao seu redor. Caio dá importantes sinais de que consegue, acredito que essa experiência vai ser bem enriquecedora.
Hoje à tarde vou no CRE formalizar sua matrícula e encaminhar o pedido ao transporte que a prefeitura disponibiliza.

Para 2011 então ficaremos assim, inicialmente: seguimos com a fono, fisio e t.o. Devemos iniciar a hidroterapia. Caio segue no espaço inclusivo Legato, afinando suas sensibilidades de comunicação através da arte. E vai para a escola Nei Gomes, começar seu preparo efetivo para uma escola regular em 2012.

Na outra ponta, segue a feliz saga do cocô.
O que era um sofrimento, com direito à muito choro, constipação de mais de quatro dias, se transformou como um passo de mágica.
Eu andava muito preocupada, pois o Caio só funcionava com supositórios e, mesmo assim, com muuuita paciência. Estava com medo de que seus intestinos estivessem "viciados", quase parados. Mas, agora, vemos a coisa por uma ótica muito positiva. Caio tem ido ao banheiro até duas vezes por dia. Menos de um minuto sentado no vaso e problema resolvido com direito à muitas risadas da parte dele. Começamos a perceber que era ele que não queria mais fazer cocô na fralda. Que segurava tudo o que podia e não podia.
Ontem ele estava sentado e daqui a pouco começou a ficar muito incômodo, me chamando.
Como eu estava ocupada concluindo o almoço, conversava pedindo calma... Quando fui ver, tinha havido um pequeno escape e ele lutava para não ficar sentado em sua cadeira. Levei ele ao banheiro e foi aquela festa do "tchau, cocô!".
A questão da higiene e da própria sociabilidade dele fica muito beneficiada por esse importante passo, mas ainda mais, nos sinaliza sobre sua capacidade de raciocínio e auto-controle. Agora, falta só lhe ensinar a palavrinha mágica, para pedir efetivamente cada vez que ele quiser ir ao banheiro. Mas o passo maior já foi dado, para nossa imensa alegria.

Agora, aqui em casa, é sempre assim!

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Rapi-Dinhas do Ito

Então que estou escrevendo um post sobre as minhas aventuras pelo Censo, agora que estou oficialmente desligada. Mas, as coisas andam fervendo por aqui, cheia de good news pipocando e eu não quero perder o timming, então hoje vamos às rapi-Dinhas:

Não é de hoje que sou fã da Cristiana Soares e do seu Por Que Heloísa?. Já reli um par de vez e me vejo em diversas passagens. Uma das que mais me chama atenção é quando ela diz que os pais de Heloísa parace "até que tinham pulga no traseiro. Levavam Heloísa para tudo o que é lado. Médicos, especialistas e curandeiros." Acho que existe um inconformismo compreensível em pais de crianças com deficiência, ainda mais (imagino eu) se essa deficiência aconteceu por um "acidente". E, sem culpas, assumo que já levei o Caio em quase tudo que é lugar. Em "médicos, especialistas e curandeiros". Tem horas que até numas igrejas malucas dá vontade... Mas devo dizer que é num famoso médium, aqui mesmo de Canoas, que não trabalha com nenhuma vertente religiosa, mas sim com o poder da mente, que tenho encontrando um sentimento maravilhoso. Já ouvi os mais diversos e milagrosos relatos de cura. Semanalmente ele recebe caravanas de todo o Brasil, inclusive do exterior. Retomei com muita fé o tratamento que ele recomendou ao Caio. E não sei se é a evolução natural do meu pequeno ou se é sim, o poder de Paulo Flores, mas ele está se transformando em outra criança. Querem ver?


Caio não tomava quase líquidos. Viciado pelo tempo de internação na UTI Neo, só aceita mamadeira bem quentinha. Água, suco nem pensar. No máximo um chá morninho... Isso era péssimo, pois sobrecarregava seus rins já entupidos de medicação. E sempre facilitava a desidratação nos episódios de refluxo. De uns tempos pra cá, as coisas estão mudando radicalmente. Os sucos entraram em sua vidinha devagar e hoje são, no mínimo, 2 copos diários. Uma vitória.

Na carona, tinha o intestino eternamente constipado, com uso de supositório, pelo menos, duas vezes na semana. Dia desses, estava levando o Caio ao banho, quando ele soltou um "pum". Como ele já estava sem roupa, coloquei ele no vaso. E ele fez o número 2 e ficou feliz da vida por seu feito. De lá pra cá, tem sinalizado com frequência quando quer ir e tem dado super certo. Adeus constipação e adeus fraldas sujas - ao menos de cróquis...



Amanhã ele começa suas aulas de adaptação na escolinha com ênfase em música. Acho que ele vai amar, estou na maior expectativa.

Amanhã também ele vai fazer sua matrícula na hidroterapia, um dos meus sonhos acalentados há tanto tempo. Por indicação do neurologista dele, conseguimos uma bolsa integral num projeto de reabilitação e que não vai conflitar com os tratamentos que ele já faz na ACADEF.


É isso. Cada coisa a seu tempo, um dia de cada vez. Mas tenho vivido muitas alegrias com meu pequeno grande. E tenho certeza que muitas outras nos estão reservadas.

Assim seja!

sábado, 13 de novembro de 2010

Aventuras mais recentes

Doces de Nozes, em "roupagem" de batizado, tudo em branco

Branquinhos com um toque de cor, para o mesmo batizado


Brigadeiros em copinho, para aniversário de 1 aninho

Modéstia à parte, ficaram uma delícia...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Martelo quase batido

Depois de uma semana pra lá de exaustiva, a decisão está quase tomada.
Visitei algumas escolas "especiais" e na grande maioria, não havia espaço para o Caio. Algumas instituições são escolas de educação especial, reconhecidas pelo MEC e tudo. Mas então, conflitaria com a possibilidade dele frequentar uma escola regular. Ou uma ou outra. Então, nesse momento, é não.
E o lugar que mais gostei, da direção, do posicionamento e que acho que fecha com nossa necessidade é a Associação Legato.
Lá o Caio vai começar a frequentar a Adaptação. Inicialmente só 1h30 por semana, até vermos a resposta dele. Mas vai ter os primeiros contatos com o convívio social, com regras, com deveres também. Como ele gosta horrores de música e lá tudo é trabalhado através das artes, então acho que ele vai adorar.
A diretora me disse que conforme ele mostrar interesse ou demonstrar prazer em estar lá, ela vai incluí-lo em outras atividades e oficinas.
Ele já ia começar hoje mesmo, mas devido à mais uma crise punk de refluxo, ficou pra semana que vem. Estou entre ansiosa (eu? capaz!!!!), eufórica e alegre. Acho que fizemos uma boa escolha.
Conforme o andar da carruagem, ano que vem ele começa alguns turnos numa pré-escola para, então, em 2012, ele iniciar na escola regular. Claro que, tudo depende das respostas que ele der nessas experiências.
De qualquer forma, já começamos a trilhar um novo e diferente caminho!
E como tudo, só espero que faça meu menino ainda mais feliz.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Yuri, Lado B

Como nem só de semnoçãozice são feitas as mães, e como Yuri é sim uma pessoinha igual a todas as outras, apresento o lado B.
Se me orgulho do coração lindo que ele tem, me preocupo horrores com a pré-adolescência com cara de adolescência total que, a meu ver, chegou cedo demais. No meu tempo, a gente não tinha direito a esses pitis não... ou dava sorte (como eu, com minha mãe de criação) e rolava altas DRs... ou não tínhamos vez e o chinelo comia solto (como no caso do meu mano, com nossa mãe biológica). E confesso, para horror dos pedagogos de plantão, me DNA puxou à família... tenho que respirar muuuuito devagar, contar até 5 mil e meditar horrores pra não dar uma chinelada corretiva nesse mocinho que tá ficando um tanto abusado... Afffffffff... quem disse mesmo que seria fácil.

Yuri está bastante intratável. Não gosta mais de estudar, está num momento totalmente improdutivo e umbilical. Se deixar, chega da escola e sua vidinha se resume a dormir, ouvir música, assistir tv, jogar um game ou ficar navegando. Só pensando em seu bel prazer. Dividir tarefas? Arrumar o próprio quarto? Quem me dera! Claro que sou uma mãe pentelha, fico pedindo colaboração... E aí ou escuto a palavra "saco" numa proporção nunca dantes imaginada, ou fico escutando incontáveis suspiros que também significam "ai que saco" ou ainda entramos no mundo do rapazinho cansado, incompreendido e vítima de todos.

A comida segue sendo um drama. Depois do momento anorexia, ele está se alimentando bem. Mas só quer junk food. E cada vez que insisto num arroz com feijão, senta que a ladainha recomeça... suspiros, sacos e afins...

Ok, eu ainda lembro da minha adolescência e da mãe maravilhosa que tive ao meu lado nessa época e na qual tento me espelhar todos os dias. Mas, numa coisa, o Yuri tá certo... é um "saco" mesmo! Muito difícil colocar limites sem parecer a mãe carrasca. Fueda impôr as regras pra uma pessoinha que se acha gente grande e colocá-lo no devido lugar dos seus parcos 10 anos. Em muitos momentos, é muito tênue a linha que separa o diálogo e a permissividade...

Como tudo, é um aprendizado.
Que faço lado a lado do meu pré-adolescente malinha, mas que tanto amo...

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Yuri, Lado A

Ok, ser mãe é ter a opinião naturalmente tendenciosa e achar que nossos filhos são os seres mais perfeitos e maravilhosos de todo o universo. Pode até não parecer, mas sou uma mãe bastante crítica e exigente. Ainda assim, of course, que babo de corujice por meus meninos.

Acho meu Yuri um menino admirável. E entre tantas características que eu poderia ficar enumerando, tem uma que salta aos meus olhos e me desmancha o coração. É o lado sensível, humano, solidário, amoroso do meu filhote. Porque, claro que é maravilhoso ter um menino inteligente, esportista, etc, como filho. Mas é no coração, na essência daquilo que ele é, que me acabo de orgulho.

Yuri tem uma paciência e um carinho com crianças menores que é comovente. Às vezes eu crio teorias malucas-explicativas, de que ele é assim por conta do irmão, de que ele tenta transferir a interação que não tem com o Caio para outras crianças. Balela. Ele interage lindamente com o irmão, é amoroso, cria brincadeiras às quais o Caio responde... e ainda tem amor de sobra para compartilhar com os demais primos, primas e amiguinhos.

E agora ele é dindo! Sim, meu mocinho foi convidado e já na ocasião do convite, deixou as lágrimas de emoção aflorarem ao se descobrir padrinho da priminha Cecília. Ao longo dos últimos 3 meses, fica conversando comigo sobre como quer ser um dindo inesquecível para sua primeira afilhada. O quanto quer ser presente, participativo... E domingo agora foi o batizado. Nossa, eu fiquei muito mais nervosa do que quando batizei meus próprios meninos. Foi lindo vê-lo tão compenetrado na escolha do traje, do cabelo (abandonou momentaneamente o adorado estilo Moicano) para se apresentar como um padrinho "respeitoso". E na Igreja ele também foi muito participativo em todos os momentos da cerimônia, culminando, claro, com lágrimas que ele definiu de "felicidade, por tudo o que ainda vai viver com a Cecília".

Preciso dizer mais?
Esse é meu rapazinho do coração gigante, meu orgulho, meu filhote! O dindo Yuri... Acho que a Cecília é uma menina de muita sorte.
Opinião isentíssima a minha, claro.










sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Então...

já que não tive nem terei filhA, gasto emprego minha porção mãe-cor-de-rosa com a Cecília!
Tá de ótimo tamanho - fico só com a parte prazerosa!

Cecilinha, que meu filhote vai batizar neste domingo - em foto no meu colo, nessa semana!


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Desejos quase ocultos...

Você foi!
O maior dos meus casos
De todos os abraços
O que eu nunca esqueci
Você foi!
Dos amores que eu tive
O mais complicado
E o mais simples prá mim...
Você foi!
O melhor dos meus erros
A mais estranha história
Que alguém já escreveu
E é por essas e outras
Que a minha saudade
Faz lembrar
De tudo outra vez...
Você foi!
A mentira sincera
Brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi!
O caso mais antigo
E o amor mais amigo
Que me apareceu...
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...
Me esqueci!
De tentar te esquecer
Resolvi!
Te querer, por querer
Decidi te lembrar
Quantas vezes
Eu tenha vontade
Sem nada perder...
Ah!
Você foi!
Toda a felicidade
Você foi a maldade
Que só me fez bem
Você foi!
O melhor dos meus planos
E o maior dos enganos
Que eu pude fazer...
Das lembranças
Que eu trago na vida
Você é a saudade
Que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim
Outra vez...

(Outra vez - Roberto Carlos)

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Várias variáveis (ou à moda do Tuí)

Eu não me acertei com o twitter.
Não entendo, não gosto, não sei...
Acho que não tenho mesmo o poder de síntese...
Mas tem tanta coisa rondando na minha cacholinha, que hoje dou uma de tuíteira...

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Pois é, novembro.
2010 já era.
E mais uma vez, um trilhão de planos para o "próximo ano".

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Fiz umas mechas loiras amadeiradas para disfarçar os brancos.
Menos radical e trabalhoso do que pintar todo e me sinto mais jovem.
Posso falar?
Tô me sentindo A diva.
Mas tem mais pela frente...
Momento siachando total
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Sabe quando acho que vou ter alta da terapia?
Nun-qui-nha!
Louca de dar nó, euzinha.

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IBGE acabou oficialmente. Fiz 6 setores, foi bem legal...
Mas eu já surto por voltar a ficar sem meu dindin.
Apostando muito nos doces e ainda vendo tudo quanto é concurso.
Uniformizada de recenseadora
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Meu coração anda thunder dividido. Ainda.
Ou não.
Mas, definitivamente, não sou mais a mesma de antes...

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Tô participando de um grupo de pais na ACADEF.
E é muito duro perceber que mesmo entre os deficientes, as possibilidades atuais do meu Caio são menores... Muito, muito doloroso, mesmo!
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Yuri tá com comportamento 100% adole. Com segredinhos, cheio de vaidade, de gírias, de turma... Dá um apertinho no coração...

Yuri, Lucas, Ana Paula, Lara, Luana - a galerinha 2000 - Quem permitiu que eles crescessem assim?

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Fui escolhida pelos moradores da minha ruae adjacências para encaminhar um abaixo-assinado, de uma solitação do bairro ao nosso Prefeito. Estou colhendo as assinaturas e vou levar pessoalmente à Audiência Pública. Tô ficando íntima do JJ....

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Sim, eu sou a mulher-sonho.
Tenho trocentos.
Mas hoje, a realização de um só me bastaria...

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Escolhendo novos caminhos

Caio vai fazer 6 anos no próximo 2011.
Definitivamente, está na hora de procurar uma escola.
Este é um assunto que me ronda já uns dois anos. Ora com apreensão, ora com empolgação. Mas agora fui "intimada" por alguns profissionais que acompanham o Caio na ACADEF. Sim, está na hora.
Mas aquilo que me parecia líquido e certo agora virou um mar de dúvidas. Escola regular? Escola especial? Qual o melhor caminho para oportunizar ao meu filhote mais chances de desenvolvimento, interação, socialização?
Para quem está de fora, a resposta parece óbvia. Mas não é.
Como mãe, sonhava em colocá-lo numa escola regular, para que junto de crianças "normais" ele talvez desenvolva seu melhor potencial. Mas, confesso, tenho medo. Medo do preconceito que ele sofrerá (ainda que eu saiba que nunca poderei protegê-lo 100%), medo se ele estará bem assistido, medo até mesmo de maus tratos - a gente lê e vê tanta coisa né? Tenho medo, principalmente, do despreparo das escolas e escrevo isso sem nenhuma crítica específica. Nossa sociedade não é capacitada para acolher o deficiente em sua plenitude.
A indicação da fonoaudióloga que o acompanha, opinião compartilhada pela chefe da fisioterapia pediátrica da ACADEF, é que tentemos uma escola regular. Acham que Caio tem um bom cognitivo e que o convívio numa instituição regular pode fazer com ele se esforce para evoluir ainda mais. Tenho, inclusive, duas boas indicações de escolas do município que estariam aptas a recebê-lo, que têm demonstrado na prática uma real política inclusiva, disponibilizando monitores individuais para a criança PPD ao mesmo tempo que a mantém em sala de aula junto aos demais alunos de sua faixa etária.
Eu gostaria muito que ele pudesse frequentar a mesma escola que o Yuri. Num primeiro momento, aceitariam o Caio. Mas preciso ser realista. Não acho que, por mais boa vontade que tenham (e têm, sei disso), eles estejam preparados para um aluno cadeirante que sequer fala.
Nos últimos dias, pesquisando e conversando muito à respeito, fiquei sabendo do CEIA - Centro de Capacitação, Educação Inclusiva e Acessibilidade, aqui mesmo, em Canoas. É uma educação multidisciplinar, voltadas a portadores das mais diversas deficiências, com foco na estimulação pelas artes, pela música, pela inclusão digital, pelos esportes. Com acompanhamento de profissionais da área neuropediátrica e atividades de psicopedagogia para a descoberta de competências e psicomotricidade. Assim, de orelhada, me parece o lugar ideal para o Caio.
Como tudo que envolve o universo dos portadores de deficiência, o desconhecimento, a falta de informação é sempre a maior barreira. Aqui em Canoas, eu só sei da APAE, que dá "aulas" a deficientes. Pesquisando, xeretando e perguntando, cheguei ao Pestalozzi e ao CEIA. Semana que vem vou me deter a visitar essas instituições e conhecer melhor seus projetos, para ver onde Caio poderá ficar melhor inserido.
Ainda não desisti de ver meu filho na faculdade. Sei que é um sonho gigante. Caio ainda não fala. Não apresenta coordenação motora para escrever. Assumir que, num primeiro momento, uma escola especial é o mais adequado, tem uma porção dolorosa para mim. É mais uma vez confrontar as limitação que eu sei que meu filho tem. Mas, ao mesmo tempo, a mãe bipolar aqui fica feliz. Acho que podemos encontrar um bom caminho. Ainda não falei com a equipe que já acompanha o Caio, primeiro vou fazer essas visitas. Imagino que talvez em 2011 ele inicie numa escola especial. E, quem sabe, conforme seu rendimento, a escola regular fique para 2012. Talvez exista a possibilidade de conciliar as duas já para o próximo ano. Veremos, vou atrás.
De qualquer forma, novos e desafiadores caminhos se descortinam pra gente. Tomara que possamos fazer a melhor escolha.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Bipolaridade?

Sim, eu acredito, tenho fé.
Sei que está tudo certo, como deveria ser.
Sei que teremos dias melhores, que ainda iremos mais longe.
Acredito que viemos, eu e meus filhos, à este mundo para sermos felizes.
Mas hoje, agora, é daqueles dias em que me sinto só, fraca, triste.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Como a vida deveria ser

Sou uma apaixonada por cães.
Herdei esse sentimento da minha mãe adotiva. A que me ensinou que amor não tem a ver com sangue, não tem a ver com laços formais. Tem a ver com um sentimento puro e espontâneo.
E são dos animais, especialmente dos cães, que recebemos os melhores exemplos disso.
Sou da opinião de que eles merecem nosso melhor respeito.
São dos seres "irracionais" que vêm grandes lições de afeto, cuidado, não-preconceito e fidelidade.
Quando vejo minha Princesa junto ao Caio vejo dois seres que se gostam, que querem cuidar um do outro, que apreciam o carinho e a companhia mútua. Sem rótulos, sem diferenças. Simples assim. Como deveria ser a vida.





domingo, 24 de outubro de 2010

Carinho sempre é bom demais!

Eu sou naturalmente carente. Dedico essa característica à porção canceriana que me domina em maior escala. Por isso, adoooro ser mimada, elogiada, acarinhada... (quem não gosta?).
E muito me aquece o coração as leitoras recentes que conquistei, nem sei como, nem sei por onde.
Meus primeiros leitores foram meus amigos que me incentivaram a começar o blog, ainda antes da gravidez do Caio, no início de 2004. Através dele, vieram as "indicações". Depois da chegada do Ito, meu foco mudou, ou ampliou... e aí um grande grupo de mães, que se tornaram minhas amigas mais especiais, vieram dar Ibope ao Meus Frutos...
Não estou, de modo algum, menosprezando esses leitores e essas amizades tão especiais e marcantes em minha vida. Mas sempre me surpreendo e me sinto especialmente gratificada pela vida quando começo a receber emails, comentários e, principalmente, o carinho de pessoas que, como disse ali em cima, nem sei como chegaram aqui... e ficaram, e voltam sempre!

Essa semana recebi um selinho da Biih, uma menina linda, jovenzinha e que encontrou algum conteúdo que a interesse por aqui. Fico muito feliz de ver que os Meus Frutos seguem se perpetuando por aí...
Aproveito pra deixar meu beijo grande pra Biih, pra Luiza Coelho (és irmã da Karla e do Lu?), da Nana, da Núbia e dos muitos que, eu sei, me visitam com frequência.
A Biih me homenageou dizendo que meu blog faz a cabeça dela.
É uma responsabilidade. E uma honra.
Acredito que fosses extremamente generosa, minha linda... Mas é muito bacana receber esse carinho, especialmente porque me acho um tanto (pra não dizer 100%) monotemática...


Dos blogs que fazem minha cabeça?
Ah, eu já fui mais "viciadinha", viu Biih... Atualmente tô focada em pesquisas e outros planos "empreendedores". Ainda assim, tem gente que tem um talento danado e faz minha cabeça com seus blogs...

Adoro ler a Cass, minha amiga de tempos de Ensino Médio, que conta suas aventuras na maternidade com a leveza que a vida deve ter todos os dias. Amo ler a Letícia, aprender mais e mais e, principalmente, lembrar que tudo é como estava destinado a ser. E adoro o charme da e sua forma de escrever sobre tantas coisas diversas da maternidade, com tanta sapiência e também leveza. E na hora que quero desligar total do mundo-mãe, dou uma lida nas viajadas bacanas da Cynthia.
Era isso, espere que goste das minhas leituras.
Um beijo, Biih!
Com amor,
Dinha

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O que realmente importa

Eu ando numa eterna TPM do cão.
Sério, a vontade de puxar a cordinha e descer é dantesca.
Eu ia escrever um post e desabafar um pouco... Falar do meu lado de menos luz... Reclamar um pouco, espernear... nem é chorar, é um momento 100% tô p* com muitos e com tudo!
Daí que, como já comentei, o Caio anda super ruinzinho do refluxo, voltou a perder peso... Mas hoje, depois de 3 noites insones, as coisas começam a voltar pros eixos até a próxima aventura...
E ao invés de falar outra vez sobre como tudo isso me desgasta, e do sofrimento dele que tanto me dói... lembro de compartilhar que, ao primeiro sinal de melhora, ele me solta um beijo. E sorri. E volta a chamar "mamãe".
Ligo para o Yuri, que está na avó paterna e ele pergunta, com a vozinha angustiada, se o irmão melhorou. Respondo que sim e a alegria dele, do outro lado da linha emociona. "Nossa mãe, que ótimo! Manda um beijão pra ele, diz que o mano tá com saudades, já vai voltar pra casa pra brincar com ele".

E diante dessas coisas só posso me perguntar... do quê mesmo eu ia reclamar?

A coragem sem fim

O coração maior do mundo

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dia do Médico e dos Anjos

Se o nascimento do Yuri pouco afetou minha relação com os médicos e minha visão pré estabelecida sobre a medicina, o Caio veio para mudar radicalmente isso. E é uma faca de dois gumes, porque desde o início cruzamos com péssimos e com excelentes médicos.
Foram médicos arrogantes (da Obstetrícia do Hospital), com pressa, sem tempo de ouvir a paciente em questão (eu) que conduziram os procedimentos de forma errônea que causaram a falta de oxigenação cerebral do meu filho. Mas foram médicos maravilhosos (da equipe da UTI Neonatal), atentos, interessados, humanitários, que levaram serviço para casa no final de semana e salvaram meu Caio de uma sepse e de uma meningite gravíssima, me devolvendo meu guerreiro vivo, pronto para lutar!

Nesses mais de 5 anos muito precisamos deles. E conhecemos de todos os tipos.
Aqueles que se acham seres humanos superiores, quase divinos. Que impõem diagnósticos e tratamentos. Que acham que alguns casos, como o do meu próprio filho, portador de paralisia cerebral, são casos "perdidos" e não merecem esforços de seu precioso tempo.

O que me alenta e alegra é saber que existe um outro lado. Existem os médicos por vocação, por amor. Que dedicam seus dias para melhoras a condição de vida de seus pacientes. Que usam da verdade, do carinho e do atendimento personalizado e humanizado como suas melhores ferramentas de trabalho. Que são meus parceiros na busca de dias cada vez melhores para o Caio, porque sabem que nada é impossível. Que a medicina não é uma ciência exata. Que precisamos ser, médicos e pacientes, cúmplices em busca da qualidade de vida.

A eles, minha eterna gratidão.
Minha homenagens à Dra. Jaqueline Aguiar Volkmann Amaral, a melhor pediatra que meus meninos poderiam ter e que eu acho que todas as crianças merecem.
Ao querido neuropediatra Dr. Richard Lester Khan que nunca fechou as portas para os sonhos que tenho para meu Caio, mas sempre com os pés bem fincados no chão.
Aos inesquecíveis doutores Valentina Gava Chakr, Diego Rodrigues Costa e Letícia Remus Moraes, que chefiados pelo dr. Mauro Bohrer, garantiram que eu pudesse ter o Caio aqui comigo, para contar essa história e aprender outras tantas.
Aos drs. Diego Malheiros de Moura e Luis Carlos Schneider por se tornarem nossos parceiros recentes, mas comprometidos e competentes, na luta nossa de cada dia.

São eles exemplo do verdadeiro digno exercício da medicina. São médicos maravilhosos. E se tornam anjos de quem, como a gente, precisa muito deles, praticamente todos os dias. A eles, nosso muito obrigado, nossos parabéns e os votos de um Feliz Dia do Médico - hoje e sempre!

Mimimis

E já que hoje é o dia do médico, a coisa por aqui anda feia.

Cainho, depois de uma faringite, teve um fungo na região buco-oral, provavelmente causada pelo próprio antibiótico que combateu a faringite. Agora tá atacadíssimo do refluxo. Essa noite gritou o tempo todo de dor, alternando momentos de muito vômito. E pior que não há nada a fazer a não ser esperar passar... A única coisa que me conforta um pouco é que ele, ao menos, já está aceitando o chá de hortelã, abençoada dica da Nalu para aliviar os desconfortos que vou agradecer pelo resto dos meus dias.

E eu, apesar de ainda estar perdendo peso a passos de "lesma de bengala", ando cheia de dodóis. Pra começar, uma dor no final da coluna que me mata quase que diariamente. Vou fazer uns exames, mas tudo indica que seja mesmo o "famoso" ciático. E pra ajudar, ou na carona disso, tenho surtado de dor no pé. O pé que vivo virando, que engessei ano passado e que radiografias apontaram que já tem duas fraturas antigas mal calcificadas. Ah, tá. Acho que realmente estou ficando velha...
:(

O jeito é seguir sendo amiga dos bons médicos e agradecer por eles existirem.

sábado, 9 de outubro de 2010

Dinha Doces

Com parte do meu salário recebido no IBGE finalmente decidi focar mais numa única atividade. Ok, ainda faço frees de PP, mas cada vez menos. O que me dá prazer e tem me dado também mais rendimento são os docinhos... Estou investindo minhas energias cada vez mais no Dinha Doces. Imprimi um cartão de visitas, estou testando novas receitas, agendei um curso de confeiteiro.
Quem sabe não seja um novo e exitoso caminho rumo ao sucesso? Ou, ao menos, à desejada estabilidade financeira... Uma certeza eu tenho: o caminho é doce.






sexta-feira, 8 de outubro de 2010

E falando em exemplo...

Palavras sempre atuais, eternamente sábias de Gandhi...

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Um exemplo a ser seguido

A amizade entre os homens e os animais é um belo exemplo de como deveriam ser todas as relações humanas... baseada no afeto, no respeito, na cumplicidade e na verdade. Alguém duvida?



quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Maktub

Os últimos dias não tem sido fáceis para o Caio.

Ele teve uma sinusite em maio que, apesar de todo acompanhamento médico, ainda mantém sequelas até hoje. No feriado de 20 de setembro seu refluxo veio a milhão! E, para ajudar, nosso clima não tem sido dos melhores também, oscilando muito. O resultado é uma recém descoberta faringite... Nessas aventuras, ele perdeu quase um quilo e voltou à faixa amarela da tabela de peso... alerta... afff!
Essas intercorrências, apesar de relativamente corriqueiras na vidinha do Caio nunca são bem assimiladas pelo meu coração materno. Tudo que é simples ou normal para qualquer criança (ainda que mães sempre sofram ao ver o mínimo desconforto do filho) adquire proporções gigantescas em nossa rotina, considerando o quadro do Caio. Tenho muitos medos, medo de perdê-lo, tristeza de ver suas dores e nada poder fazer...
Como a paralisia cerebral dele foi causada por prematuridade e anóxia no parto mais imperícia médica, nessas horas eu sempre penso se poderíamos ter feito algo, cinco anos atrás, para impedir que ele passasse por essas provações... Sim, eu sei, uma das grandes missões da minha terapia e da minha vida é parar de buscar culpados... mas esses são os sentimentos que, volta e meia, me atormentam.
São nesses momentos que vejo quão fundamental são as amizades que fiz na internet, no Orkut e na blogosfera... compartilhando experiências, sonhos, anseios, com outras mães de crianças com pc. Relembro da amiga que teve gravidez de risco diagnosticada desde o início, acompanhamento médico especial, todos os recursos à disposição... e nada disso impediu a paralisia em seus dois filhos! Não que eu me alegre com isso ou diminua minha dor durante os períodos de crise do Caio. Mas servem para eu relembrar porque eu tenho aquela minha fé quase inexplicável...
Maktub!
Estava escrito!
Caio é o filho que me estava destinado desde sempre, meu filho amado e especial.
Nossa luta foi escolhida por ambos e juntos vamos matando um leão por dia.
Esta escrito que teríamos momentos difíceis, mas que também saberíamos saborear, depois da tempestade, cada motivo para sorrir.
E é o sorriso do meu guerreiro o meu maior alento. Porque ele é constante, persistente, valente como o próprio dono dele.
Às vezes é barra. Mas estava escrito que daríamos conta. Que ele, meu Cainho, viria para me dar lições infinitas. De que haveriam dias melhores e piores. Mas que tudo, absolutamente valeria à pena.
Quando olho seu sorriso não tenho a menor dúvida disso.
Makutb.
Ainda bem!


Caio em foto tirada ontem, mais magrinho, no antibiótico, mas com o sorriso inconfundível de quem sabe tirar da vida o seu melhor... Obrigada por me ensinar tanto, meu filho!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Bodas de Marfim

Há 3 meses meu casamento esteve no olho do furacão.
Tínhamos chegado num ponto que não havia mais nada. Perspectiva, carinho, vontade... E no meio da pior de todas as crises, percebemos que ainda havia amor. Não sei nem explicar como, mas ele está renascido.

No início, tive medo de apostar nele - meu casamento - outra vez.
Abri mão de emoções sedutoras que uma aventura me prometia e resolvi voltar para aquele que um dia escolhi "para sempre".
E hoje tenho certeza de que vim pelo melhor caminho.
Eu e o Sandro estamos reescrevendo nossa história.
Com paixão, com verdade, com respeito. Me arrisco a dizer que nunca tinha sido assim. Estamos nos redescobrindo e tem sido muito bom.

Por isso, hoje temos mais e mais motivos para celebrar.
Estamos completando 14 anos de casados, nossas Bodas de Marfim.
Estamos consolidando nosso amor, nosso bem querer um pelo outro... E para marcar esta fase, esse compromisso renovado de sermos felizes, trocamos nossas alianças.
O Sandro na verdade, nem tinha mais a dele.
A minha, não servia mais no dedo, seguia no porta-joias.
Escolhemos uma aliança simples, de aço com filete de ouro.
Forte como queremos ser. Mas com o brilho inconfundível do amor verdadeiro a lhe nortear.
E com a certeza de que ainda celebraremos muitas e muitas outras datas assim.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Corujando

Na falta de assunto, seguem fotinhos da minha melhor inspiração.

Caíto brincando em sua nova mesa de atividades da cadeira... alternando momentos de concentração e pura alegria!