terça-feira, 17 de agosto de 2010

Fantasmas e fé

Caio hoje faz 5 anos e 3 meses.
E nunca canso de pensar que cada data, que cada dia deve ser imensamente comemorado. De lembrar o quão guerreiro, o quão vitorioso é meu filho.

Já escrevi aqui que gostaria de esquecer isso, de vê-lo como uma criança absolutamente normal, sem nada de fantástico ou excepcional. Mas infelizmente, não é a nossa realidade. E preciso muito, em alguns momentos, viver tudo outra vez pra me manter na fé de que tudo vai acabar bem.

No seu acompanhamento neuropediátrico de rotina, estão incluídos os eletroencefalogramas de controle. Nada de novo, nada de ruim, mas nada de bom. Caio continua com as ondas cerebrais desorganizadas e com potencial epilético. Por conta do seu saudável aumento de peso, o Richard, seu neuro, aumentou a dose de um dos anticonvulsivos, o Depakote. Dose terapêutica que, se espera, diminuam cada vez mais a incidência das pequenas crises convulsivas que Caio tem com alguma frequencia. E esse é um dos remédios que me despertam fantasmas. Ele é secretado diretamente pelo fígado e pode sobrecarregá-lo, podendo causar, inclusive, nova hepatite medicamentosa no meu pequeno.

Caio usa três anticonvulsivos para que ele possa tomar doses pequenas a médias de cada, evitando que se sobrecarregue justamente algum órgão, pelo excesso. E aí agora voltamos à rotina do monitoramento mais frequente das provas hepáticas do seu sangue. O que não é garantia de nada. Quando Caio teve hepatite, em 2008, ele tinha feito provas com resultados normais. A hepatite chegou galopante quinze dias após os exames.

O que eu penso de tudo isso? Que tenho medo. Que tenho medo de ter medo. Que tenho medo de não saber enfrentar o que nos está destinado. Preciso então resgatar sempre e sempre nossa história para me certificar de que damos conta. De que está tudo certo, tudo dentro do nosso já conhecido script. De que não estamos sós. De que os fantasmas existem sim. Mas que eles não são nada diante da nossa fé, aquela teimosa, de que sim, vai dar tudo certo. De novo. E mais uma vez. E tantas vezes quantas for preciso.
Amém.

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