sábado, 23 de julho de 2011

O primeiro boletim a gente nunca esquece

Então ontem foi a entrega da primeira avaliação escolar do Caio.
Entre receosa e ansiosa, lá fui eu. Como avaliariam uma criança que não fala, que não segura um lápis sozinha?
Mas eis que recebo um "boletim", onde é possível ler as palavras inteligente, esforçado e cativante. Pra mim é 10, com louvor!

Por mais que só tenha recebido respostas ótimas da escola onde meu filho está, ainda existe um medo em mim de que, em algum momento ele possa ser rejeitado. Possa ser visto como incapaz para este convívio. Então muito me alegra ver que os progressos que eu enxergo nele, neste curto espaço de tempo, são palpáveis às demais pessoas. Claro que neste primeiro momento os objetivos são outros do que os comumente aplicados às crianças que frequentam um "jardim". É a socialização. A interatividade. Alguns avanços motores. E Caio tem tirado de letra.

Porém, emoção maior ainda estava guardada para relatos muito particulares desse convívio. A monitora relata o quanto Caio foi aceito de coração por seus colegas. O quanto ele é amado e sem o estigma de "coitadinho". O quanto essa aceitação foi natural. Exemplifica que nunca houve um único comentário de seus coleguinhas ao fato dele tomar mamadeira. Ou trocar a fralda antes de vir embora. Muito pelo contrário, disputam quem vai levar a fralda usada até o banheiro! Simples assim, querendo ajudar um amigo...

Me fala ainda do dia que Caio, por conta da sua agenda médica ia sair mais cedo, e fez uma atividade com outra turma, o Jardim B, para poder participar. Do quanto os colegas ficaram enciumados e questionando o tempo todo se eles iam "devolver" o Caio, porque "ele é o NOSSO Caio". E da gritaria de alegria quando ele retornou à sala original.

E assim é todo dia. As professoras falavam aos pais do quanto as crianças em geral estão desenvolvendo sua socialização, aprendendo a brincar melhor em grupos formados por elas mesmas. E que Caio é colocado junto ao grande grupo e sempre vem mais de um colega buscá-lo em sua cadeira para fazer parte dos grupos menores. Que ele jamais fica de fora e que a monitora nunca precisou pedir para que alguém incluísse ele nas brincadeiras.

Ela parabenizou os pais. Estimulou que essa educação inclusiva e natural continue em casa porque certamente muito vem daí.

Nem preciso dizer que fui às lágrimas... Que lindo! Que benção! Estava ali explicada toda a felicidade que meu pequeno sente sempre que citamos a palavra "escola". Como disse tão adequadamente a monitora, todos têm ganho, aprendido e crescido. Caio, os professores, os colegas, as famílias que recebem esses relatos do mais puro amor ao próximo.


P.S. Como nem tudo são flores, descobri que existem três funcionárias da escola que meu menino não gosta. A monitora não entendeu o porquê ainda... Uma delas, inclusive, uma senhora muito simpática, funcionária das mais antigas, costuma recepcionar os alunos no portão. E sempre que ela se aproxima do Caio para conversar ou pedir beijo, ele faz uma carranca e mostra a língua! Pode?
Ah, e também já aprendeu a imitar a professora, quando ela está brava...
No fim, acho tudo engraçado. Definitivamente, ele é uma criança como todas as demais.

Um comentário:

Mari Hart disse...

Acabei de te "conhecer", mas fui as lágrimas como vc como se essa felicidade tb fosse minha.

Meu Leo tem paralisia cerebral tipo tetraplegia espástica, e aos 4 anos a inclusõa escolar parece um sonho impossível. Falei sobre isso nesses 2 últimos dias em meu blog. Sei que o caminho é longo, mas não desistirei. Vejo que tenho muito o que aprender por aqui.

Um grande beijo em vcs e no Caio! =))