segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Inclusão escolar - a luta continua

Então que vai tudo às mil maravilhas com o Cainho na escola. Ele está super integrado, é muito bem aceito por todos, colegas, profes, funcionários. São todos de um carinho comovente. Seu desenvolvimento deu um salto nestes quatro meses. Ele vocaliza muitas sílabas novas, está cada vez entendendo mais tudo o que falamos com ele e respondendo à sua maneira. Do ponto de vista motor está cada vez mais curioso com as mãos, adora brincar com o material escolar – giz de cera, hidrocor, lápis coloridos... Também tem movimentado mais o tronco e as pernas, e eu credito isso ao fato dele querer “descer” da sua cadeira para brincar com os colegas. Emocionalmente, ele também mudou para melhor. Alegre ele sempre foi, mas agora anda mais tranqüilo também. Se diverte “sozinho”, sem a necessidade constante de musica, por exemplo. Eu só vejo ganhos e fico muito feliz por ele.
 
Como Caio iniciou na escola quase na metade do ano, nós – eu e a equipe, da escola – tínhamos planejado que vamos solicitar, agora em outubro, a permanência dele na escola, em 2012 no jardim B, que, teoricamente, é para crianças que ainda não tenham completado 6 anos. A partir dos 6 anos, a lei estabelece que a criança ingresse no Ensino Fundamental. Mas queremos defender que além da defasagem do meses deste ano, que o Caio não cursou, a necessidade que ele tem de ainda aprender mais na Educação Infantil.

Num primeiro momento, a coordenadora da Educação Infantil se mostrou enfática: a lei é clara, aos 6 anos completos no início do ano letivo de 2012 Caio terá que ser encaminhado à uma escola de Ensino Fundamental. Se não tiver condições de freqüentar uma, deverá ser matriculado numa Especial.

Ou seja, estamos assim: direção, professora e monitora querem o Caio no jardim B ano que vem. Instâncias superiores da Secretaria de Educação acenam que é impossível.

E isso posto, pra mim que já sofro tanto por antecipação, dá pra imaginar como eu estou me sentindo, né? Primeiro que realmente acho que Caio ainda está muito longe de estar apto a cursar uma primeira série. Segundo, que tenho medo de uma nova adaptação, de uma nova procura, já que sua escola atual oferece apenas a Educação Infantil. Terceiro que, em tese, no Ensino Fundamental do município não há a figura da monitora, para alimentar a criança, levá-la ao banheiro, ajudá-la com os materiais. Eu conheço UM caso de uma avó que conseguiu uma monitora para seu neto, um menino de 9 anos que conheço desde que o Caio era bebê. Acho ele e o Caio em condições de desenvolvimento equivalentes e as experiências dele e de sua família me servem de referência nestes momentos. Sem monitora, sobraria pra mim, mais uma vez abrir mão dos meus espaços e exercer este papel integralmente. Quarto, que neste momento a Educação Especial não é uma opção que eu gostaria de tentar. Ainda. É aquilo que já tinha acordado antes. Caio precisa estar no ensino regular, até que se mostre incapaz para tanto. Ou não.

O problema é que a deficiência física pode vir a se tornar uma grande barreira neste momento. Na educação especial, querem um laudo de deficiência mental que não temos. No ensino regular, querem dele uma autonomia motora que também não existe.

Estou um pouco triste.
Ansiosa de como vai ser.
Mas, também, tava tudo muito florido pra ser verdade...
De qualquer forma, sei que vou lutar com todas as minhas armas. Vou buscar laudos, se preciso for. Pesquisar brechas legais. Me basear em algumas vivências reais de outras mães com filhos deficientes que freqüentem o ensino regular. Usar contatos, se preciso for...

É, amigos, a luta continua.
Mas, se Deus permitir, está muito longe o dia que vão vencer nossa vontade de seguir na batalha. Até mesmo porque já faz tempo que Caio me ensinou que impossível é algo que não existe.

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