sábado, 10 de março de 2012

O sufoco

Então que essa semana foi o caos.

Tudo ia bem, lindo, desfraldando... quando na terça, ao buscar o Caio na escola, a monitora me pergunta sobre um carocinho na cabeça dele. O que eu ri, achando que era só a válvula que ela não estava reconhecendo, na verdade era um nódulo bem em cima do trajeto da válvula.

Meu coração disparou, vim pra casa já fora de mim. Queria correr, chorar, ir logo com ele a um hospital. A válvula e sua possível rejeição ou entupimento sempre me foram grandes fantasmas. Até agora tudo corre dentro das melhores estatísticas, visto que Caio nunca teve problema com ela ao longo destes quase 7 anos que a usa. O complicado é conseguir atendimento de emergência com neurocirurgia. No Hospital de Clínicas, onde ele colocou a DVP e faz acompanhamento anual, me atenderam bem ao telefone mas me disseram que a realidade era que, sem febre, em boas condições, "apenas" pelo surgimento do nódulo, teríamos que aguardar até umas 48hs na espera da Emergência. Pensei em correr para o convênio, mas aí só em Porto Alegre. Com uma encomenda de doces pra entregar - e não adianta, eu jamais deixo de cumprir meus compromissos - adiei para quarta final da tarde. Que foi justamente quando o nódulo começou a desaparecer.

Quinta pela manhã ele teve uma convulsão branda e me reacendeu o nervosismo. Quando acordou, desandou com aquelas crises intermináveis de vômitos. Sexta, seguindo o mesmo quadro, fomos para o hospital e aí ele precisou de soro e medicações na veia. Como Deus é bom, estando lá, fomos atendidos por uma excelente equipe médica que concordou em fazer todo o check up que já estava previsto pela pediatra dele e que não fiz justamente porque ele começou a passar mal.

Enfim, foram descartados qualquer problema de saúde maior, inclusive infecções ou problemas na válvula. Não me perguntem como, o nódulo simplesmente sumiu. Provavelmente foi algo externo. Caio está com uma leve anemia, mas isso, infelizmente, é meio padrão, devido à alta dose de anticonvulsivos usados. Mas, o fígado, que também sempre nos preocupa, está 10! Sexta à noite ele teve alta e pudemos retomar a vidinha.

Às (muitas) vezes me acho doida de pedra, neurótica, bipolar, tetrapolar. Mas me pergunto que mãe não é um pouco? Ou que mãe não seria mesmo, no meu caso? Com tanto medo de ter que reviver a UTI, hospitalizações e todos os sentimentos apreensivos que lhes caracterizam. Que foi tão, tão assustada e desestimulada por alguns médicos que ainda teme perder o filho de uma hora para outra. Quando tudo passa, lembro que Deus sempre está conosco. Jamais desacredito disto. Por momentos, até esqueço um pouco. Mas no fundo, bem lá no fundo, eu sei, eu sinto Sua presença. Nos momentos em que a consciência fala mais alto, eu lembro de que está tudo sendo como Ele quer. E tem dado tudo certo.

Terça que vem temos avaliação sobre as crises convulsivas com uma nova neuropediatra, no Hospital da Criança Santo Antônio, em Porto Alegre. É aquela coisa, eu quero uma, duas, três opiniões e que me expliquem e desenhem tudo! E por incrível que pareça, depois desses dias de correria e angústia, tô desconfiando que podemos ter boas novas por aí, conhecer mais gente disposta realmente a tratar a criança com paralisia com outros olhos que não os do "não tem jeito" ou "é mesmo assim".

O Caio? Ótimo. Sábado ainda passou enjoado, mas ontem estava com a corda toda novamente. Com aquela carinha que me desmente quando digo que esteve no hospital. Mas isso é coisa dele, guerreiro como sempre. E eu, parece que ainda não me acostumei com isso. De resto, tudo nos seus devidos lugares. A cada episódio desses, eu questiono minha sanidade mental. Mas, ao menos, o coração da mamãe aqui segue firme e forte, resistindo aos testes que seu Caíto me lança.

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