quarta-feira, 4 de abril de 2012

Páscoa da saudade

A proximidade da Páscoa é, sem dúvida nenhuma, a época mais difícil do ano sem a presença física do meu irmão. Não é nosso aniversário (no mesmo dia), não é o dia da sua passagem, não é o Natal...

Acho que as lembranças mais felizes da minha infância vêem da celebração da Páscoa. Da tentativa da minha mãe de adoçar a vida tão pobre daquelas pequenas crianças já sem lar, já sem um pai presente. Mais tarde, a partir dos 5 anos, quando fui viver em Porto Alegre, foi também uma época de cestos muito recheados, coloridos e carregados de alegria - para mim e meu Jon.

Sempre me emociono quando lembro de nossa expectativa na noite de sábado aguardando o coelhinho... Dos nossos "cestos" confeccionados anualmente, com tampas de caixas de sapato, com folhas de revistas velhas, tesoura enferrujada e um tubo quase seco de cola Tenaz. Da nossa cumplicidade, um com o outro. Eu, quatro anos mais velha, alguns anos depois, mantendo a ilusão do coelho para com meu irmãozinho.

Lembro dessa época porque lembro como era fácil ser feliz juntinho dele. Como algumas balinhas e um ou outro chocolate baratinho nos adoçavam o domingo - dia que sempre nos encontramos, mesmo eu morando com outra família.


Jon era o caçula. Mas eu sinto ainda tanta falta dele, como o conselheiro que ele me seria vida a fora (e como foi até meus 29 anos). A doçura que seria como tio e que mal teve tempo de exercer com o Yuri, ainda que o tenha feito intensamente. O herói que seria para o Caio. E o dono dos melhores ouvidos e do abraço mais quente que eu poderia receber, que nenhum amigo por melhor que tenha sido jamais conseguiu suprir...

Acho lindo o significado da Páscoa. Acredito nele.
Mas ao mesmo tempo são dias de muita saudade, de muita solidão...
E se existe o amor eterno, Jon é o anjo a me provar isto.

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