quarta-feira, 25 de julho de 2012

A socialização da alienação

Eu sou uma deslumbrada com a internet, com a conectividade, com a capacidade de interação permitida. Sou uma viciada das redes sociais. É através dessas ferramentas que conheço pessoas fantásticas do mundo todo. Que aprendo mais sobre deficiência, tratamentos de reabilitação, discuto diagnóticos médicos. Que converso, troco ideias, desabafo. Que encontro colo, ainda que virtual. 

Mas, claro, internet também se tornou uma forma de lazer. De falar (publicar) abobrinhas, compartilhar memes, piadas, pensamentos de auto-ajuda, fotos de bichinhos fofinhos, de sátiras... Continuo achando bárbaro! Toda essa roda viva é, afinal, o que somos através da vida. Inclusive discordo categoricamente quando os que EU chamo de pseudo-intelectuais vêm bradar opiniões de que os cyber espaços estão precisando de mais conteúdo, de mais cultura... Ser culta ou inteligente não faz de mim uma PhD em chatice (ao menos eu espero que não). Que viva a breguice, o besteirol, o riso frouxo! Porque nas horas que precisa - e aí reside a grande diferença - eu também sei falar sério.

Por isso, assisto mais uma vez contrariada a propagação de "selos" repudiando a propaganda política, o compartilhamento de informações de candidatos e demais assuntos relacionados às eleições - tão próximas - nas redes sociais. 

Como assim? Não são, afinal, as redes sociais, uma das nossas formas de interagir globalmente? Não foi a democracia uma luta árdua a ser conquistada? Não é a informação um direito de todos - e eu acrescento, um dever dos ditos mais "esclarecidos"? Porque eu não entendo. Não querem fotos de bichinhos fofos. Mas não querem falar de política. Aliás, detestam política. 

Pois eu só tenho a dizer que enquanto continuarmos detestando política ou detestando, ao menos, receber informações sobre um processo crucial para o futuro de cada uma de nossas comunidades - essas sim, reais, a minha cidade, o meu bairro, a minha rua - vamos continuar pastando na mão dos mesmo políticos que elegemos e, mais tarde, criticamos.

Eu tenho meus candidatos e acho que são os melhores. E sei que cada um tem direito de ter os seus e ter a mesma opinião sobre eles. Mas tenho o direito de compartilhar o que, afinal, acho que eles têm a contribuir na sociedade que vivo. Em alguns casos, acho que é até mesmo um dever cívico. Sem enfiar goela abaixo de ninguém. Compartilhando, como é tão natural nestes espaços.

Dizem que o povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la. O que dizer então do povo que não quer discutir o futuro do seu país, mas se mobiliza todo e replica as fotinhos da vilã da novela das nove? Sem críticas vorazes, por favor, eu mesma me divirto e encho meu mural com a Carminha e a Nina, fenômenos de comunicação atualíssimos. O perigo, reforço, existe quando se quer uma unanimidade ou homogeneidade que além de ditatorial é extremamente perigosa e insalubre. 

Celebremos as redes sociais e sigamos aprendendo a extrair delas o seu melhor. Vetar, ignorar, repudiar, fazer campanha contra o direto da opinião alheia. Isso não tem outro nome não. É tão somente a socialização da alienação. E disto, eu estou foríssima!


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