quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A segunda escola

Então que após a primeira reunião com a equipe do CEIA, que relatei aqui, as coisas continuaram andando e bem. Fui para uma reunião com o responsável pela Sala de Recursos da escola, que é o pedagogo que trabalha em horários extra-aula com crianças com déficit de aprendizagem ou dificuldades/deficiências físicas, mentais ou motoras. Gostei dele. Tem uma visão muito parecida com a minha sobre inclusão, o papel dos educadores e a deficiência em si. Ele me comentou que as meninas do CEIA, ao apresentar o quadro do Caio, citaram, claro, a síndrome convulsiva e perguntaram se ele gostaria de ter acesso a algum material a respeito do assunto. Ele foi enfático: "Não. Vou conviver com uma criança, não com uma síndrome. Se tiver algo que eu precise saber a respeito do quadro clínico, que possa ajudar no meu trabalho, aprenderei no convívio com ele e a família dele". Ganhou mil pontos comigo!

Combinamos de que o Caio começaria a ir uma vez por semana, conforme o sugerido pelo CEIA. E esta semana já fomos. O bom pressentimento que tive desde a primeira reunião, se manteve. Caio passeou com o professor Fabiano por todos os espaços da escola - salas, sala de recurso, laboratório de informática, auditório, biblioteca, secretaria, refeitório, pátio... O professor inclusive já encomendou um mouse adaptado e fones de ouvido pra Ito mexer à vontade nos computadores e curtir suas músicas preferidas. A grande maioria das pessoas foi receptiva ao Caio, conversando, sorrindo. E eu confesso - acho que tenho know-how suficiente para distinguir sorrisos naturais e sinceros, dos constrangidos... Ainda que eu tenha aprendido que o constrangimento pode vir mais da falta de informação do que de um preconceito maldoso, fico feliz de que as coisas comecem assim.

Minha alegria ficou ainda maior ao ver Caio ser recepcionado, numa das salas, por ex-coleguinhas do Jardim A, do ano passado. Que ficaram felizes em abraçá-lo e reiterar ao professor: "sou amigo dele, conheço ele", "a gente brincava junto na Vó Corina". 

Caio alternou momentos de entusiasmo com outros de estranhamento, o que acho muito natural para qualquer criança. Os encontros semanais seguirão. E eu sigo acreditando que, quem sabe, o raio pode cair duas vezes no mesmo lugar: o da inclusão pura e simples!

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