quarta-feira, 1 de maio de 2013

Cavaleiro Andante

Lendo Dom Quixote de La Mancha, compreendi que cavaleiro andante, são homens que saem do conforto de sua casa, a cavalo, armados com espada e escudo, sem rumo, em busca de aventuras. A equoterapia sempre foi uma aventura sonhada por mim para meu Caio. Via nela, talvez, a única possibilidade dele vir a andar. Durante quase três anos foi meu ideal: iniciar o tratamento com os cavalos!

Indo para o nono mês de prática da equoterapia, vejo o quanto crescemos! O quanto Caio tem se desenvolvido e o quanto eu sigo aprendendo. 

Eu pensava na equoterapia exclusivamente como uma prática que lhe traria reabilitação física, mas do ponto de vista absolutamente leigo, de fortalecer sua coluna e colocá-la "no eixo" para ele vir a sentar sem apoio e, posteriormente, caminhar. Aí aprendo que na verdade o movimento feito em cima do cavalo cria novas sinapses, novas conexões neuronais. É perfeito para Caio, que teve um natural processo de neuroplasticidade incrível, recebendo neurônios novos e sadios mas que não "se comunicam".




Quase nove meses depois, me impressiona é o desenvolvimento de Caio como um todo. Como ele cada vez mais tem consciência do seu corpo, de sua capacidade, de seu próprio potencial de superação. E de como o simples andar a cavalo (não, repito sempre, não é só andar a cavalo, mas estar acompanhado por uma equipe multidisciplinar que sabe muito bem o que faz). 

Quando chegamos na Hípica pela primeira vez, na primeira semana de setembro, Caio não conseguia sentar de jeito nenhum em algo que não fosse sua própria cadeira de rodas. Com o corpo em movimento de "tatu-bola", ele fecha-se redondamente sobre si mesmo. No final de novembro, ele aguarda sentado numa cadeira comum, sua vez de ser atendido. O pescoço ainda cai algumas vezes. Mas o quadril e tronco já exibem uma firmeza que não existia antes.



Depois, veio a explosão da linguagem. Nas férias de verão, Tonhão, seu grande amigo equino, se machucou e ficou afastado por algumas sessões. Entrou a amiga Dandara. Que Caio prontamente começou a chamar de "égua". Ao mesmo tempo que, em casa água deixou de ser "áua" para virar simplesmente água mesmo. E água e égua eram palavras distintas, usadas, claro, em diferentes ocasiões. Isto me chamou demais a atenção. E como tudo, me deixou feliz.

As pernas vão ficando cada vez mais firmes e Caio agora gosta de tomar banho em pé (claro, apoiado no meu corpo). E toda vez que vai ao banheiro, sinaliza que terminou suas atividades, impulsionando o corpo para frente e ficando de pé, para que eu o higienize!

A conquista mais recente foi descoberta na escola. Caio começou a querer, literalmente, tomar as rédeas de Tonhão em suas mãos. O que eu achei tão "mimoso" inicialmente mostrou-se ser algo muito maior. 


Desde o início de sua vida escolar, Caio precisou de materiais de escrita adaptados à sua falta de coordenação motora. Sua canetinha hidrocor era um pincel atômico, mais possível de ser apreendido entre seus dedinhos. Gizes, sempre os mais grossos. Agora, no início do primeiro ano, conversávamos sobre possíveis adaptadores para que ele viesse a usar os lápis e canetinhas "comuns". Por enquanto, os colegas seguravam sua mãozinha na maior parte dos trabalhos, tentando direcioná-lo e estimulá-lo a segurar os instrumentos de escrita. E ele curtia!

Mas eis que um dia da semana passada, descobriu que, assim como as rédeas de seu cavalo, ele conseguia também segurar o lápis de colorir, a canetinha! Ou seja, através da equoterapia, do prazer em segurar as rédeas de seu cavalo, ele está desenvolvendo a motricidade fina! E desde então, não tem mais aceitado ajuda e tem produzido muito sim, obrigada! Só quem passou perto do que passamos. Só quem viveu todos os prognósticos ruins (para não dizer péssimos). Só quem já foi tão desencorajado a acreditar. Só assim, para entender a felicidade que vivo ao ver meu filho tomando as rédeas DE SUA VIDA! 


Com exceção do nome e do bonequinho desenhado à esquerda,
o restante do trabalhinho foi 100% produzido por Caio

Devido ao que acontece no sistema público de saúde, de mais demanda do que vagas, hoje Caio faz apenas uma sessão de fisioterapia convencional semanal. Por isso eu credito todo este desenvolvimento à equoterapia. Vejo as sinapses acontecerem! 

Por isso, a equoterapia é ESSENCIAL. Por isso, não podemos parar.
Por isso seguimos atrás de um padrinho, fazemos a Vakinha.
Não é vaidade.
É oportunizar a Caio que ele continue lutando lindamente. Que continue mostrando sua força, sua garra.


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Eu sigo vendo um futuro lindo para meu cavaleiro andante!
Deus quer, eu sei. Não nos colocou nas trilhas do Cavalo Amigo por acaso.




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