terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Quanto tempo dura um sonho?

Neste final de semana, um programa em rede nacional exibiu a história de Raphael dos Santos, um menino de 12 anos diagnosticado com paralisia cerebral ainda bebê. Por 10 anos a mãe de Raphael ouviu dos médicos que seu filho jamais andaria. Durante 10 anos, ela sonhou e lutou pelo contrário. E a recompensa veio. Entre as tantas tentativas de terapias de reabilitação e atividades que proporcionassem também lazer e socialização para o filho, a mãe optou por aulas de surfe. E do mar, em oito meses, Raphael saiu andando para os braços de sua obstinada e amorosa mãe.


Recebi dezenas de mensagens assim que a matéria foi ao ar. Muitos amigos dizendo relacioná-la imediatamente com minha luta por Caio. Quase todos me afirmando: acreditamos no teu sonho, vemos Caio andar também!

Caio vai fazer 9 anos e não são poucas as vezes em que tenho medo dele estar ficando “velho” e fora do tempo em que possa vir a andar. Certamente a história de Raphael reacendeu todas as minhas mais teimosas esperanças. Sim, eu não escondo de ninguém: sonho em ver Caio andando. É em busca deste objetivo que luto tanto, que pesquiso, que tento lhe proporcionar as mais diversas terapias de reabilitação. Uma hora, um dia, acredito, ele vai conseguir.


Se é difícil de acontecer? Claro que sei que é, afinal são quase 9 anos batalhando por nossa meta! A grande maioria dos profissionais me confronta: tu sabes que a paralisia de Caio é grave, que é praticamente impossível ele vir a andar, não é? Sim, eu sei. Mas não abro mão do meu sonho de vê-lo de pé. É este sonho que me move. Há 9 anos. E pelo tempo que preciso for.


Não acho que cultivar a esperança seja ruim. Como alcançar objetivos sem planejar, sem traçar etapas e metas, sem trabalho? Não sei, acredito que aí sim, é impossível. Mas tenho algo em comum com Fabiana, a mãe de Raphael: eu sonho, mas batalho todos os dias para realizá-lo. Para 2014, Caio seguirá na equoterapia, no Cuevas Medek Exercise e voltará à hidroterapia (esta decisão tomei em conjunto com uma fisioterapeuta dele cerca de um mês antes da história de Raphael vir à público). É uma rotina puxada, por vezes exaustiva. Mas busco sempre fazer as atividades que dão prazer a ele, acho que assim os resultados vêm de forma mais plena.

Em janeiro mesmo, fizemos o CME de forma mais intensa – 2X na semana, ao invés de uma. Os resultados foram ótimos. Caio teve um amadurecimento motor cronológico bem grande. Seguimos querendo mais. Ele começa a sentar alguns segundos sozinho. Sonho em vê-lo sentando completamente sem apoio ainda este ano. Sonho em vê-lo de pé. Sonho, sonho, sonho...



Meu desejo é que os atendimentos, especialmente para crianças com deficiência, sejam cada vez mais humanizados. Que sejam respeitados os limites da ciência, da medicina, mas que sejam ainda mais respeitadas as fronteiras inexistentes dos sonhos humanos, especialmente o sonho alimentado nos corações das mães. Porque eles não têm prazo de validade. A gente sonha, e luta e ama SEMPRE!

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Amor que Cura

Sou daquelas que acredita que o amor pode curar. Mais do que acredito; sei disso. Caio é apenas a prova mais latente disto. Desenganado desde o nascimento, recebeu do meu amor o combustível para querer viver. Foi salvo pela medicina, por Deus e pelo amor.

O amor não cura só o corpo, cura ainda mais a alma e isso se reflete em tudo. Em nosso semblante, em nossa energia para realizar, em nossa criatividade. Amor é só positividade.

Durante anos eu acreditei que não recebi amor de minha mãe. Ou o amor na medida em que eu achava que merecia, ou que queria. Por mais que minha mãe afirmasse o seu amor por mim, eu não conseguia senti-lo. Em outubro, pude vivenciar uma experiência transformadora, através do treinamento Momenttum (que recomendo a TODAS as pessoas que conheço: façam!). E foi naquele final de semana de autoconhecimento que eu vi, eu senti o amor que ela sempre me teve. Do quanto me desejou e do quanto meu nascimento representou alegria em sua vida.

Curei uma ferida de uma vida toda.
Saber do amor de minha mãe, curou mágoas.
Curo minha existência através do amor que recebi.
E repasso este amor, para curar outras vidas que se entrelaçam à minha - como a de meus filhos, a quem, desde cedo, curei com um afago, um beijo no joelho esfolado.

E mudei a relação com a minha mãe, comigo mesmo e, acredito, com a grande maioria que me cerca – e até com os que não me cercam, passei a entender o seu não-amor.

Semana passada, Caio ficou muito ruim. Teve uma crise convulsiva muito forte, das piores de sua vidinha. Ficou quase 24h sem reagir, o que me deixou muito triste e preocupada.

Aí minha mãe veio visitá-lo. Pegou-o amorosamente em seu colo. E ele, bem fraquinho, fazendo muito esforço, ergueu o pescocinho, olhou em seus olhos e lançou um beijinho murcho de forças... mas carregado de AMOR!

Durante a quase uma hora que minha mãe ficou com ele no colo, ele alternava beijinhos, que foram ficando mais fortes, com a palavrinha que ele adora falar: vovó.



Eu vi. Ninguém me contou. Eu estava ali e pude presenciar minha mãe energizar meu filho de amor. Um poder curativo maior do que qualquer técnica médica. Quão grata fiquei à vida por ter isso em minha história. Por ter minha mãe. Por ter meu filho. Por ter nosso amor.