quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Ouvir e falar

Quando me formei na faculdade, em 1995, o paraninfo foi o jornalista Ruy Carlos Ostermann. Seu discurso era: sobre: Saber ouvir. Dizia ele que nós, só haveríamos de exercer bem nossas profissões, em qualquer um dos três segmentos da comunicação -jornalismo, publicidade e propaganda (o meu) ou relações públicas, se soubéssemos ouvir. Ouvir para falar? Eu havia feito o curso para escrever, para me tornar uma capacitada redatora! A questão é que acreditava que eu poderia ter algum dom com a escrita. Sempre me apresentei como sendo melhor na escrita do que na fala. Eis as reviravoltas que o mundo dá, eu abandono minha carreira por 7 longos anos. Porém, não abandonei os textos, criei um blog... e lá fui alimentando este amor com as palavras. No entanto, no início deste ano, um convite inusitado: tu não quer dar uma palestra? Para mães de crianças com deficiência, contar tua experiência, teu aprendizado, teu ponto de vista. Perguntei: quem haverá de querer me ouvir, uma desconhecida “mãe”? Mas, topei. E me apaixonei por este caminho. E de lá pra cá, tenho falado mais e mais. As mães em especial, se emocionam. Se sentem compreendidas. Ficam a refletir. Me abraçam e agradecem. Na última palestra, em Farropilha, uma das mães mais emocionadas veio me dizer que não tem um filho com deficiência. E ainda assim, meu relato lhe caiu como uma luva. Então lembro do primeiro momento inesquecível da fala de meu paraninfo. Sobre quando temos coisas boas a partilhar: “Mas você precisa falar disso o tempo todo, você precisa falar para as pessoas”.


As minhas palavras que nascem sempre do papel ou do teclado, ganham asas. E minhas falas começam a ir além do evento inicialmente destinado. Estou começando a montar uma agenda com outros locais, outros públicos. Estou sendo convidada a falar também de outras facetas de minha vida, outros temas. Me honra ter quem queira ouvir. Caminho lindo, não de ensinar, mas de trocar. E mais uma vez relembro o paraninfo: “Vamos falar menos, vamos ouvir mais. E quando nós falarmos, que nos ouçam". Busquei a faculdade para melhor escrever. Hoje me vejo locutora dos meus textos. Como já entendi e compartilhei nesta nova fase da minha vida, a palavra é meu destino. E hei de cumpri-lo.

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