Ontem fui ao salão de cabelereiro renovar minhas mechas. (Traduzindo
aos homens: significa repintar o tom aloirado que decidi imprimir às minhas
madeixas nos últimos tempos). Para algumas amigas, comentei que estava em
terapia, me tratando, cuidando de mim. E o resultado foi, sim, terapêutico. Saí
de lá me sentindo linda, poderosa, pronta para ganhar o mundo!
Amigos comentam que nos últimos anos passei por uma grande metamorfose
e estou muito mais bonita. Generosa opinião de quem me quer bem à parte, a
verdade é que estou mais vaidosa. Estou é cuidando de mim como nunca antes. E o
reflexo vem à tona.
Cosmésticos como cremes, esmaltes, perfumes e afins se
tornaram parte de meus investimentos. Rotinas estéticas também. Em algum
momento, são prioridade orçamentária sim, pois o retorno que me trazem é
imensurável.
O que aconteceu com a “antiga” Cláudia?
Sempre tão comedida, se tornou uma mulher fútil? Eu diria que me tornei uma
mulher completa. Que me olho por inteiro. Que ao dedicar tempo para cuidar da aparência,
está apenas se harmonizando com um interior que alcançou maturidade.
Não me arrumo para os outros, não me tornei uma escrava em
busca da beleza. Tenho meus dias sem maquiagem, de roupas largadas e cabelos
despenteados. E sou feliz neles também. Entendo que o que tenho de mais bonito
está dentro de mim. Que essa mulher que busca viver uma relação de respeito e
afeto com a imagem que vê no espelho, é uma pessoa que lutou muito para aceitar
suas imperfeições. Hoje, não as esconde mais. Meus quilos a mais, característica
pessoal, seguem comigo. A pele não tem mais o viço da juventude e suas marcas
são o registro do que já vivi. Aceitei o
indomável cabelo crespo, sabendo que posso alterná-lo com dias em que os fios
brincam de ser lisos. Meu corpo é a embalagem de um ser humano de conteúdo que
cada vez mais busca o equilíbrio. Mas quando a unha está bem feita, sinto que
posso ganhar o mundo com minhas mãos. Quando a maquiagem realça meus melhores
traços, sou lembrada exatamente disso – da capacidade de aflorar em mim mesma,
uma melhor versão. Quando essas ferramentas – que carregam por vezes o estigma
da vaidade, como se ela fosse negativa e soberba - ajudam a me sentir mais
forte e capaz, elas nada têm de fúteis.
Elas despertam uma mulher que fez escolhas. Que já viveu
dias nada bonitos, mas decidiu trilhar novos caminhos. E amar a si mesma é um
deles. Inegociável. Sem prepotência. Com carinho. Como quem alisa cabelos recém
saídos do cabelereiro. Essa paz consigo mesma conquistada. Essa determinação em
cuidar de si, sem medo de ser considerada egoica. Essa segurança de ser quem se
é, com todas as suas também imperfeitas facetas. Sabem? Alguns chamam de beleza.
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