quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

A beleza de ser quem se é

Ontem fui ao salão de cabelereiro renovar minhas mechas. (Traduzindo aos homens: significa repintar o tom aloirado que decidi imprimir às minhas madeixas nos últimos tempos). Para algumas amigas, comentei que estava em terapia, me tratando, cuidando de mim. E o resultado foi, sim, terapêutico. Saí de lá me sentindo linda, poderosa, pronta para ganhar o mundo!

Amigos comentam que nos últimos anos passei por uma grande metamorfose e estou muito mais bonita. Generosa opinião de quem me quer bem à parte, a verdade é que estou mais vaidosa. Estou é cuidando de mim como nunca antes. E o reflexo vem à tona.

Cosmésticos como cremes, esmaltes, perfumes e afins se tornaram parte de meus investimentos. Rotinas estéticas também. Em algum momento, são prioridade orçamentária sim, pois o retorno que me trazem é imensurável.

O que aconteceu com a “antiga” Cláudia? Sempre tão comedida, se tornou uma mulher fútil? Eu diria que me tornei uma mulher completa. Que me olho por inteiro. Que ao dedicar tempo para cuidar da aparência, está apenas se harmonizando com um interior que alcançou maturidade.

Não me arrumo para os outros, não me tornei uma escrava em busca da beleza. Tenho meus dias sem maquiagem, de roupas largadas e cabelos despenteados. E sou feliz neles também. Entendo que o que tenho de mais bonito está dentro de mim. Que essa mulher que busca viver uma relação de respeito e afeto com a imagem que vê no espelho, é uma pessoa que lutou muito para aceitar suas imperfeições. Hoje, não as esconde mais. Meus quilos a mais, característica pessoal, seguem comigo. A pele não tem mais o viço da juventude e suas marcas são o registro do que já vivi.  Aceitei o indomável cabelo crespo, sabendo que posso alterná-lo com dias em que os fios brincam de ser lisos. Meu corpo é a embalagem de um ser humano de conteúdo que cada vez mais busca o equilíbrio. Mas quando a unha está bem feita, sinto que posso ganhar o mundo com minhas mãos. Quando a maquiagem realça meus melhores traços, sou lembrada exatamente disso – da capacidade de aflorar em mim mesma, uma melhor versão. Quando essas ferramentas – que carregam por vezes o estigma da vaidade, como se ela fosse negativa e soberba - ajudam a me sentir mais forte e capaz, elas nada têm de fúteis.



Elas despertam uma mulher que fez escolhas. Que já viveu dias nada bonitos, mas decidiu trilhar novos caminhos. E amar a si mesma é um deles. Inegociável. Sem prepotência. Com carinho. Como quem alisa cabelos recém saídos do cabelereiro. Essa paz consigo mesma conquistada. Essa determinação em cuidar de si, sem medo de ser considerada egoica. Essa segurança de ser quem se é, com todas as suas também imperfeitas facetas. Sabem? Alguns chamam de beleza.

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